O ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, fez repetidas tentativas para acessar seu email funcional da Presidência mesmo após o bloqueio da conta pelo governo do Presidente Lula. De acordo com documentos apresentados à CPI dos atos de 8 de janeiro, a planilha entregue pela Casa Civil mostra que houve um total de 99 tentativas de acesso depois do dia 15 de março, quando o login de Cid foi inicialmente bloqueado. A última tentativa registrada ocorreu em 17 de março, às 11h16.
O ex-presidente Bolsonaro utilizava Cid como chefe dos ajudantes de ordens e seu email era hospedado sob o domínio "presidencia.gov.br". Por meio desse email, Cid recebia comunicações referentes às atividades diárias da Presidência e coordenava as viagens de Bolsonaro. A análise do acesso ao email de Cid revelou que mais de 500 acessos foram registrados em 2023, mesmo após Bolsonaro já ter deixado o cargo. Além disso, há informações detalhadas sobre roteiros de viagem de Lula e sua equipe de segurança foram encontradas nas mensagens recebidas por Cid.
O documento da Casa Civil revela que o usuário maurocbc, que são iniciais de Mauro César Barbosa Cid, em três dias, foram 99 tentativas frustradas por ter "Conta desativada, expirada ou bloqueada". As informações vieram à tona depois que a CPI questionou a Presidência sobre "quando ocorreram acessos ao email depois da data de 31/12/2022 e perguntou ainda sobre o nome dos eventuais responsáveis pelo login".
Antes do bloqueio do email, Mauro Cid chegou a receber mensagens contendo os roteiros roteiros de viagem de Lula e da equipe de segurança do atual presidente. O ex-ajudante é um dospersonagens centrais nas investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) e em outras instâncias que envolvem o ex-presidente Bolsonaro.
A Casa Civil informou, por meio de nota, que "a desativação de contas de emails de ex-servidores da Presidência da República está sendo automatizada, para que não dependa mais da ação humana" Com isso, serão evitadas possíveis inconsistências", explicou.
A desativação do email de Cid foi reconhecida pela Casa Civil como tendo ocorrido com atraso, devido à escassez de recursos humanos para gerenciar o processo de desativação de mais de 1.000 contas de ex-servidores após o término do governo Bolsonaro. A Casa Civil também informou que está automatizando esse processo para evitar futuras inconsistências.
Cid, que atualmente está detido no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília por seu envolvimento em uma investigação relacionada à falsificação de cartões de vacinação, é personagem central nas investigações que envolvem Bolsonaro, incluindo o caso das joias recebidas de autoridades da Arábia Saudita. As questões levantadas por essa situação levaram o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) a iniciar uma sindicância para investigar os fatos. Militares citados na distribuição de emails aos ex-assessores de Bolsonaro foram afastados de suas funções e serão desvinculados da Presidência, de acordo com o GSI.