Militares que mantêm amizade com o tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, retomaram os esforços para persuadi-lo a buscar um acordo de colaboração premiada. A razão para isso, nesta ocasião, está relacionada à divulgação de que o ex-assistente de Jair Bolsonaro (PL) tentou comercializar um relógio Rolex, presente dado pelo ex-presidente durante uma viagem oficial à Arábia Saudita.
Essa informação foi revelada através de e-mails obtidos pela CPI dos Atos Golpistas. A intenção subjacente é que, caso opte por uma delação, Cid esclareça quem seria o beneficiário dos fundos resultantes da venda do relógio de luxo.
Os colaboradores de Bolsonaro frequentemente enxergaram Cid como uma espécie de "Dirceu da direita", fazendo referência a José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do governo de Lula (PT), que nunca cooperou com o sistema judicial.
Entretanto, à medida que as investigações sobre o tenente-militar avançam, a família dele – incluindo seu pai, o general da reserva Mauro Cid – está cada vez mais inclinada a sugerir que ele opte por um acordo de colaboração. Essa decisão não apenas poderia proporcionar benefícios legais, mas também aliviar o Exército do impacto das revelações que vêm à tona.
Em maio, seguindo o conselho de seus familiares, Cid passou a contar com a defesa do advogado Bernardo Fenelon, especialista em negociações de delações premiadas. Fenelon é autor de livros sobre o tema e já conduziu mais de 10 acordos de colaboração, incluindo o caso de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youseff, que desempenhou o papel de colaboradora na Operação Lava Jato.