Mauro Cid movimentou mais de R$ 3 milhões em seis meses, diz Coaf

De acordo com o Coaf, os valores movimentados por Mauro Cid são incompatíveis com o seu patrimônio e considerados atípicos

Depoimento do tenente-coronel Mauro para CPMI do golpe | Lula Marques/Agência Brasil
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Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) está investigando movimentações financeiras consideradas "atípicas" e "incompatíveis" nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O militar encontra-se sob custódia e é alvo de investigações da Polícia Federal por suposto envolvimento em um esquema de fraudes relacionado ao cartão de vacinação, além de ser acusado de manter conversas com teor golpista.

De acordo com o documento obtido pelo jornal O GLOBO, o Coaf destacou indícios de que Mauro Cid realizou movimentações de recursos que não condizem com seu patrimônio, atividade econômica ou remuneração mensal de R$ 26.239, recebida como militar da ativa. Durante um período de sete meses, entre 26 de julho de 2022 e 25 de janeiro de 2023, o militar movimentou um total de R$ 3,2 milhões, sendo R$ 1,4 milhão em débitos e R$ 1,8 milhão em créditos.

Um dos destaques do relatório foi o envio de remessas no valor de R$ 367.374 para os Estados Unidos, ocorrido em 12 de janeiro de 2023, data em que Mauro Cid e Jair Bolsonaro estavam no país norte-americano. Tal movimentação levantou suspeitas sobre uma possível tentativa de burlar questões fiscais ou ocultar patrimônio, o que motivou o Coaf a comunicar sobre a possibilidade de indícios do crime de lavagem de dinheiro.

O Coaf também chamou a atenção para quatro pessoas que realizaram transações financeiras com Mauro Cid, incluindo um "caixeiro viajante", um "ourives", um tio de sua esposa e o sargento Luis Marcos dos Reis, que foi subordinado do ex-ajudante de ordens na Presidência e também está sob investigação da Polícia Federal.

A Polícia Federal está conduzindo investigações para rastrear o dinheiro movimentado nas contas de Mauro Cid. Uma das linhas de apuração busca verificar um suposto esquema de pagamento de despesas pessoais de Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro, com recursos públicos. Suspeita-se que Mauro Cid poderia estar coordenando essa operação, uma vez que como ajudante de ordens, ele era responsável pelas finanças pessoais do ex-presidente e de sua família. Além disso, as remessas feitas por Cid ao exterior também estão sendo alvo de investigação.

Mauro Cid encontra-se preso preventivamente em um batalhão do Exército desde maio, quando foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga supostas fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro e de pessoas relacionadas a ele. A investigação aponta para a inserção de dados falsos nas carteiras de vacinação, o que teria tido o objetivo de gerar vantagens indevidas para o ex-presidente.

Além disso, mensagens de teor golpista foram encontradas no celular de Mauro Cid, envolvendo militares da ativa que defendiam um golpe de Estado. O relatório da Polícia Federalaponta a existência de uma trama golpista no entorno de Bolsonaro, incluindo um documento apócrifo com uma declaração de estado de sítio, salvo no telefone do oficial após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano anterior.

O advogado Bernardo Fenelon, que faz a defesa do ex-ajudante de Ordem Mauro Cid, disse que "todas as movimentações financeiras do tenente-coronel, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal". Ele ainda pontuou que "todas as manifestações defensivas são apenas realizadas nos autos do processo".

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