A invasão do espaço da leoa (Panthera leo) Leona no Parque Arruda Câmara, conhecido como Parque da Bica, em João Pessoa, por um jovem esquizofrênico, no último domingo, terminou em tragédia: a morte de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, atacado pelo animal.
Especialistas afirmam, entretanto, que o ataque está dentro do comportamento esperado da espécie. O leão é um animal carnívoro, um predador territorial, e reage automaticamente a invasões ou ao que percebe como ameaça, caso da entrada de uma pessoa em seu recinto. Segundo os veterinários, o animal reage automaticamente ao movimento, ao cheiro, ao som e à presença inesperada.
LEOA NÃO SERÁ SACRIFICADA
Por isso, a administração do parque se apressou a informar em nota que, em nenhum momento foi cogitada a hipótese de sacrificar o animal.
Leona está saudável, não apresenta comportamento agressivo fora do contexto do ocorrido e não será sacrificada. O protocolo em situações como essa prevê exatamente o que está sendo feito: monitoramento, avaliação comportamental e cuidados especializados, informou a nota.
Em vídeo publicado em uma rede social, um dos veterinários do parque, Thiago Nery, afirmou: "O ocorrido foi um incidente absolutamente imprevisível, fora de qualquer cenário dentro da rotina do parque", afirmou, depois de garantir que o recinto da leoa segue todos os padrões de segurança preconizados. "Após toda a assistência necessária, a leoa está bem e tranquila. Mesmo assim, por ter passado por um momento de grande estresse, ela ficará em acompanhamento e avaliação pelos próximos dias, recebendo todos os cuidados da equipe técnica."
COMPORTAMENTO
A bióloga do parque, Marília Gabriela Leite, especialista em animais silvestres, também falou sobre a leoa. "Ela fez apenas o que uma leoa faz, ela nunca será a vilã", disse.
O ataque segue o padrão instintivo da espécie, explicou Marília. A entrada de uma pessoa dentro do recinto equivale, para a leoa, à presença de uma presa ou ameaça.
JOVEM FOI ENTERRADO
O corpo de Gerson de Melo Machado, 19 anos, foi sepultado na segunda-feira (1º) no Cemitério do Cristo, em João Pessoa, com a presença apenas da mãe, Maria da Penha Machado, e de uma prima.
A mãe, que perdeu o poder familiar há mais de dez anos devido ao próprio quadro de esquizofrenia, precisou reconhecer o filho no IML antes do enterro. O funeral rápido refletiu a trajetória marcada por abandono, sucessivas falhas na rede de proteção e transtorno mental não tratado.