Funcionários do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), que estão sob investigação da Polícia Federal (PF), multiplicaram seus lucros mensais, em viagens feitas com o ex-presidente aos EUA, entre o fim de dezembro e março passado. Ao todo, quatro auxiliares são alvo da PF por ganharem quase R$ 400 mil em diárias, lucro esse que ultrapassa mais que o dobro do valor adquirido com a verba extra durante o mandato.
Viagens aos EUA
Bancados pelo governo federal, o PM Guilherme Moura e os militares Sérgio Cordeiro, Mauro Cid e Marcelo Câmara acompanharam Bolsonaro, em viagens a Orlando (EUA), para assessorá-lo até ele deixar o país - em 30 de dezembro. Dos acompanhantes, apenas Marcelo Câmara ainda não foi capturado pela PM, mas, neste mês, ele é alvo da operação de busca e apreensão por suposta participação em esquema de fralde de certidões de vacinação antes da ida ao país norte-americano.
A despesa total para os cofres públicos com as diárias e passagens aéreas dos auxiliares chega a R$ 467 mil ao longo dos três meses de estadia do ex-presidente nos EUA. 85% desse valor é referente a diárias.
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Explicação
Diárias podem ser compreendidas como o capital pago pelo governo a servidores, em viagens a trabalho, para a cobertura dos gastos em hotel e alimentação, por exemplo.
A máquina pública desembolsou, ao todo, R$ 397 mil em diárias aos quatro investigados quando estavam em solo estadunidense. Durante toda a gestão de Bolsonaro, esses funcionários receberam, em diárias, menos da metade desse valor gasto na viagem - R$ 174 mil.
Uma das causas a ser levada em conta é que, no exterior, as diárias são pagas em dólar.
Três desses ajudantes, os que permaneceram por mais tempo em Orlando com o ex-comandante, tiveram suas despesas mensais multiplicadas entre quatro e sete vezes, isso sob consideração a seus salários.
Os assessores se revezaram para ir a Orlando. Durante os 90 dias que Bolsonaro se hospedou nos EUA, Max ficou 64 dias; Cordeiro e Câmara, 63 dias cada um, e Cid, apenas dois dias.
Há também um quinto assessor investigado pela PF, o segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, que também se beneficiou das diárias ao longo do governo Bolsonaro. Ao todo, os cálculos chegam a R$ 727 mil de gastos bancados em passagens e diárias dos cinco investigados entre 2019 e março de 2022.
Até o momento desta publicação, mesmo apreendidos, todos eles ainda ocupam o cargo de assessoria do ex-presidente e recebem livremente seus salários.
Busca por esclarecimento
Procurados por jornalistas - por meio dos seus advogados, telefones, redes sociais, endereços eletrônicos registrados em seus nomes e, até mesmo, familiares e conhecidos - os cinco investigados optaram pelo silêncio.