Os dados da suposta vacinação das filhas do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), exibem que elas teriam sido imunizadas contra a Covid-19 quando a campanha de vacinação para menores de idade ainda não estava em curso no Brasil. Segundo o registro, as crianças receberam doses dos imunizantes Pfizer e Janssen. Essa análise faz com que a Polícia Federal (PF) considere que as carteiras de vacinação da família do tenente foram falsificadas.
De acordo com as informações inseridas nos sistemas no Ministério da Saúde, as filhas de Mauro Cid receberam três doses de imunizantes em 2021: a primeira dose em 22 de junho, a segunda dose em 08 de setembro e a terceira dose em 19 de setembro, todas aplicadas no Centro Municipal de Saúde Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Porém, no mês de junho de 2021, as vacinas da fabricante Pfizer só possuíam a autorização do MS para serem aplicadas em maiores de 18 anos. Logo, a filha mais nova de Cid, de apenas 12 anos na época, não poderia ser vacinada.
Os registros mostram ainda que a terceira dose – aplicada em 19 de setembro, segundo o sistema – teria sido aplicada com o imunizante da fabricante Janssen. Entretanto, nesse período, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não havia permitido a aplicação da marca como reforço em menores de idade.
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Além disso, a investigação da PF indica que Bolsonaro e sua filha também teriam seus cartões de imunização fraudados.
Operação Venire
Na última quarta-feira (04), a PF cumpriu uma operação para apurar um suposto esquema de falsificação em dados da carteira de vacinação de Bolsonaro, familiares e amigos aliados. Ao todo, os agentes realizaram 16 mandados de busca e apreensão e 6 prisões preventivas; dentre os capturados, Mauro Cid.
A PF também cumpriu buscas e apreensão num endereço residencial do ex-presidente no Jardim Botânico, em Brasília. Bolsonaro estava na casa no momento da ação.
A operação Venire investiga o inquérito das milícias digitais que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.