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Lula diz que megaoperação no Rio foi 'desastrosa' e quer investigação paralela

Em entrevista a agências internacionais em Belém, presidente comentou a operação para cumprir mandados de prisão contra integrantes da facção Comando Vermelho

Presidente Lula | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta terça-feira (4), que legistas da Polícia Federal participem da investigação sobre a operação policial no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais.

Lula classificou a ação como uma “matança”. A operação, realizada no dia 28, teve como alvo o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, sendo a mais letal da história do estado.

"Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança", disse o presidente em entrevista a Associated Press e Reuters, durante viagem a Belém (PA).

LEGISTAS DA PF DEVEM ATUAR

Lula afirmou que o governo articula a participação de legistas da Polícia Federal na investigação das mortes ocorridas durante a operação policial no Rio de Janeiro. O STF realizará uma audiência nesta quarta-feira (5) para discutir o caso.

"Nós estamos tentando essa investigação. Inclusive estamos tentando ver se é possível os legistas da policia federal participarem do processo de investigação da morte, como é que foi feito, porque tem muitos discursos, tem muita coisa", argumentou. 

"Eu acho que é importante a gente verificar em que condições ela [a operação] se deu, porque até agora nós temos uma versão contada pela policia, contada pelo governo do estado e tem gente que quer saber se tudo aquilo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve alguma coisa mais delicada na operação", continuou Lula.

GOVERNADOR DO RIO DISSE QUE OPERAÇÃO FOI UM "SUCESSO"

O governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação no Rio como um “sucesso”, afirmando que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos. A ação provocou mobilização no governo federal: os ministros Ricardo Lewandowski, Macaé Evaristo e Anielle Franco foram ao estado para tratar do caso. Nesta terça-feira (4), Castro está em Brasília para novas discussões sobre o tema.

"O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa", prosseguiu Lula, ainda durante a conversa com agências internacionais.

Opinião pública

Pesquisa Quaest, divulgada nesta segunda-feira (3), revela que 85% dos moradores do Rio de Janeiro apoiam penas mais duras para homicídios cometidos a mando do crime organizado. Além disso, 64% aprovam a recente operação policial, e 72% defendem que o crime organizado seja tratado como terrorismo.

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