O governo do Rio de Janeiro apreendeu 93 fuzis, 26 pistolas e um revólver durante a grande operação policial realizada na última terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, zonas norte da capital. Parte das armas é de uso das Forças Armadas do Brasil e também de países como Argentina e Venezuela.
A ação, que teve como alvo o Comando Vermelho (CV), terminou com mais de 120 mortos, entre eles quatro policiais. O governo do estado informou que 42 dos 109 mortos identificados tinham mandados de prisão em aberto. Outras 113 pessoas foram presas, e dez adolescentes apreendidos.
FUZIS RECOLHIDOS
Segundo a Polícia Civil, foram recolhidos sete tipos diferentes de fuzis, entre eles AR-15, AR-10, AK-47, FAL, G3, Benelli MR1 e Mauser. Muitas dessas armas são chamadas de “ghost guns”, ou “armas fantasmas”, por serem montadas com peças de diferentes origens, o que dificulta o rastreamento.
De acordo com o policial federal Roberto Uchôa, especialista em armamentos, essas armas podem ter sido montadas dentro do Brasil com peças genéricas. Ele alerta que, sem uma investigação detalhada sobre como esses armamentos chegaram às comunidades, o impacto da apreensão pode ser temporário.
A Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos (CFAE) informou que o material apreendido está avaliado em cerca de R$ 9,3 milhões — valor que pode chegar a R$ 12,8 milhões se incluídos carregadores, munições e miras.
O delegado Vinícius Domingos, chefe da CFAE, explicou que cerca de 90% dos fuzis apreendidos são cópias falsificadas de modelos originais, mas ainda têm capacidade de disparo. Ele também confirmou que parte das armas pertencia a tropas de Brasil, Venezuela, Argentina e Peru.
As armas serão enviadas para perícia e, depois, levadas para análise detalhada. Algumas poderão ser reaproveitadas pelas forças policiais, e o restante será destruído em até três anos.
Segundo o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, os complexos do Alemão e da Penha se tornaram “centros de distribuição” de drogas e armas para outras favelas do Rio. Ele afirmou que, por mês, chegam às comunidades cerca de 10 toneladas de drogas e até 70 fuzis, que depois são repassados para outros pontos da capital.