Denúncias de novas imagens de abuso e exploração sexual infantil reportadas pela Safernet às autoridades cresceram 84% entre janeiro e setembro de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com a ONG, um total de 54.840 casos foram contabilizados no sistema.
Os dados foram divulgados na tarde desta quarta-feira (25) no 8º Simpósio Crianças e Adolescentes na Internet, em São Paulo. Conforme a Safernet, no ano passado houve 29.809 denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil entre 1º de janeiro e 30 de setembro.
As denúncias são contabilizadas através da Central Nacional de Denúncias (www.denuncie.org.br). Os casos são recebidos pelo canal e encaminhados ao Ministério Público Federal - órgão que possui convênio com a Safernet desde 2005, quando foi criado.
Além disso, os números da ONG condizem com os da pesquisa TIC Kids Brasil 2023, apresentados no evento mais cedo. Os dados da Safernet também são condizentes com as operações da Polícia Federal envolvendo crimes cibernéticos que tiveram crianças e adolescentes como vítimas. Este ano foram 627 operações dessa natureza contra 369 no ano passado (aumento de 69,9% em relação ao ano passado).
ACESSO MAIS CEDO
Um dos motivos da alta de casos, segundo a Safernet, é que as crianças estão acessando a internet cada vez mais cedo e por mais dispositivos. Somente em 2023, a pesquisa apontou que 24% das crianças acessaram a internet aos 6 anos, contra 11% em 2015, primeiro ano da pesquisa.
Em relação aos dispositivos, 97% das crianças usam a internet pelo celular, 70% pela televisão, 38% pelo computador e 22% pelo videogame. A TV e o videogame eram responsáveis, cada um, por 11% dos acessos de crianças à internet na primeira edição da pesquisa, em 2015.
Ao todo, 291 pessoas foram presas nessas operações, número 46,23% maior que no ano passado. Os dados da PF foram divulgados em 16 de outubro, no lançamento do programa Boa na Rede, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“O crescimento das denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil é um indicador de que não se pode baixar a guarda na defesa das crianças e adolescentes em ambientes digitais. É fundamental o diálogo e a orientação dos pais e educadores para que esse público saiba identificar situações de risco; educação para o uso seguro e saudável da internet é fundamental”, afirma Thiago Tavares, presidente da Safernet.
Os packs a que Tavares se refere são os pacotes de imagens autogerados por adolescentes em que eles aparecem nus, manipulando a genitália ou introduzindo objetos. Os pacotes são vendidos em grupos ou até em redes sociais abertas.