Adolescente que sofreu ataques racistas em escola de Teresina presta depoimento

A jovem está muito abalada e ainda vai decidir se vai permanecer na instituição. O caso de racismo aconteceu no dia 9 de setembro.

Adolescente de 16 anos sofreu ataques racistas em escola de Teresina | Reprodução/Redes sociais
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Uma adolescente de 16 anos, vítima de ataques racistas em uma escola particular de Teresina após participar de uma gincana, prestou depoimento na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente na terça-feira (19). Em entrevista para o Meionorte.com, o advogado da família informou que a jovem está muito abalada e ainda vai decidir se vai permanecer na instituição.

No dia 9 de setembro, a aluna participou de uma competição escolar com a tarefa de personificar uma representação da paz. A equipe decidiu que ela se vestisse como Dandara, uma guerreira negra que lutou contra a escravidão no século XVII.

Após o desfile, os jurados declararam a adolescente como vencedora. Entretanto, estudantes da equipe adversária proferiram comentários racistas em um grupo de mensagens, como "Se tivessem escolhido alguém da nossa equipe, porque ela é branca e tal... A escola seria chamada de racista, 'sacou'? Foi uma injustiça, 'tá ligado'?" e "Eles nos roubaram, disseram que aquela menina lá, a representante da paz, venceu a nossa equipe. A nossa era um anjo e ela era apenas lixo".

No dia seguinte, domingo (10), uma colega da adolescente a alertou para não comparecer à escola na segunda-feira (11), pois alguns estudantes planejavam ridicularizá-la. Na terça-feira (12), a jovem foi à escola, mas ligou para a família aos prantos pedindo para sair antes do fim das aulas.

O advogado da família, Chrystopher Luan Wercklose Garcia, declarou ao Meionorte.com que a adolescente está profundamente triste com a situação. "Ela ainda está muito abalada. Os pais ainda estão analisando se vão mudá-la de escola ou não, pois não querem prejudicar o andamento do ano letivo dela. Na terça-feira, ela pediu para ir embora mais cedo, está muito envergonhada e triste com o ocorrido", contou.

O caso foi notificado ao Ministério Público do Piauí (MPPI) e à Polícia Civil, que já possui os áudios com teor racista. As autoridades estão investigando para identificar os autores, suspeitos de serem adolescentes.

Chrystopher Luan Wercklose Garcia destacou que a escola está prestando apoio na "medida do possível". Se for comprovado que os autores dos áudios são adolescentes, eles responderão pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que considera tais atos como atos infracionais análogos ao crime de injúria racial.

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Em nota, a escola comunicou que identificou um aluno como autor dos áudios, convocou seus pais para tratar do assunto e aplicou uma punição de acordo com o regimento interno, sem dar mais detalhes.

Confira a nota da instituição:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Desde que tomou conhecimento do ocorrido, a Escola imediatamente buscou identificar os envolvidos. Após a confirmação da identidade de um aluno como autor dos áudios, seus responsáveis foram chamados e o aluno foi penalizado conforme dispõe o regimento interno desta instituição. 

Reafirmamos nossa solidariedade à aluna e nosso apoio integral à família, com quem temos mantido contato direto. Lembramos que a luta contra o racismo é diária e cabe a todos nós atuar para que episódios como esse não se repitam.

Atenciosamente,

A Direção

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