A dengue causou um prejuízo estimado de US$ 5 bilhões no Brasil neste ano, o que equivale a aproximadamente R$ 28 bilhões. Esse valor inclui gastos públicos e privados com saúde, como consultas e internações, além de outros impactos econômicos, como faltas ao trabalho e perda de produtividade.
Esses dados foram apresentados em um artigo de pesquisadores brasileiros publicado na sexta-feira (19/7) na revista Science, uma das mais respeitadas no meio científico. O objetivo dos autores é destacar a necessidade de medidas de prevenção à doença.
De acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados 6,37 milhões de casos prováveis de dengue em 2024, o maior número da história. Em 2023, o recorde anterior, houve 1,65 milhão de notificações. O número de mortes pela doença em 2024 é de 4.714, com mais 2.351 óbitos sob investigação para determinar a relação com a dengue.
Para calcular os prejuízos estimados, os pesquisadores analisaram os casos de dengue e os dados de internação do Ministério da Saúde, cruzando essas informações com dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Claudio Lira, professor de fisiologia e epidemiologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e um dos autores do artigo, explica o impacto econômico da doença com o exemplo de um empregado que adoece e precisa faltar ao trabalho. "Vai ter de alguém minimamente substituir as funções que essa pessoa exerce. Se o profissional tinha uma função muito específica, outro funcionário teria de ser treinado para substituir. Tudo isto tem um custo", diz Lira.
Além de Lira, o artigo é assinado por Rodrigo Vancini, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Marilia Andrade, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Saúde e os gastos
Segundo os pesquisadores, os maiores gastos que contribuíram para o montante foram os relacionados à saúde. Informações do DataSUS registram 109.167 internações pela doença de janeiro a maio deste ano. A Região Sudeste, a mais populosa do país, teve o maior número de internações: 54,6 mil (50%).
Lira acredita que a disponibilidade da vacina contra a dengue na rede pública terá um impacto futuro na redução dos casos em 2025 e 2026. "Com o surgimento da vacina, ganha-se um aspecto de prevenção. A vacina é segura, foi testada e há indicação de que o governo brasileiro consiga, no futuro próximo, possibilitar que toda a população tenha acesso a ela."
O Ministério da Saúde adquiriu 6,5 milhões de doses da vacina contra a dengue, o que permitirá vacinar 3,2 milhões de pessoas. As localidades com alta transmissibilidade da dengue serão priorizadas.