Nossa República fez 134 anos. De 1889 até 1985 vivemos tempos de sobressaltos com autoritarismo, golpes, tentativas de golpe e ditaduras. Os momentos democráticos foram breves. Nesse período o Brasil conviveu com números pavorosos na saúde, educação, saneamento, desnutrição e distribuição de renda. Um país para poucos.
A Nova República veio como uma esperança de levar o Brasil ao patamar das nações democráticas civilizadas e, principalmente, melhorar a vida da população. Não cumpriu tudo, mas evoluímos.
O Brasil resolveu a hiperinflação, colocou toda criança na escola e deu o direito de voto a todos. O país saiu do mapa da fome, universalizou o acesso à saúde e levou médicos a lugares onde eles nunca estiveram. Distribuiu renda como nunca havia acontecido antes. Deu previsibilidade à economia, organizou o Estado e criou uma reserva de dólares que nos permitiu resistir a crises econômicas vindas do exterior, que antes nos massacravam como tsunamis.
Falta muito. Segurança, justiça, meio ambiente, saúde, combate à pobreza. Mas, de novo, evoluímos.
A grande maioria desses avanços ocorreu nos governos de Fernando Henrique, Lula e no primeiro mandato de Dilma. 20 anos de economia com previsibilidade, disputa política civilizada e respeito entre os poderes.
O povo foi às ruas em 2013 numa mistura de protesto justo por mais participação e mudanças rápidas. Mas o movimento foi atropelado pela anti-política, pela pós-verdade e pelo novo protagonismo das fake news na cena política. Sobreveio daí uma divisão profunda na sociedade que trouxe a superfície um reacionarismo e um obscurantismo que pareciam inermes. Voltaram as incertezas, os ataques a democracia e a instabilidade que avariou gravemente a economia, ameaçou o equilíbrio entre os poderes e o próprio sistema democrático.
A experiência nos mostra, independente das preferências ideológicas, a receita que dá certo no Brasil.