A influenciadora Karol Eller foi encontrada morta no prédio em que morava em São Paulo. Ela postou uma mensagem no Instagram informando que tiraria a própria vida, pedindo desculpas, mas afirmando que perdeu a guerra. O boletim de ocorrência da Polícia Civil indica suicídio.
Karol era lésbica e vivia em conflito com sua sexualidade. No mês passado, anunciou sua conversão a uma denominação pentecostal: “eu renunciei a prática homossexual, eu renunciei aos vícios e renunciei aos desejos da minha carne para viver em Cristo”.
Pronto. Nas redes sociais, após a confirmação da morte, a covardia e a boçalidade das milícias políticas tomaram de conta. Tudo se resumiu a cura gay, série de práticas implausíveis desenvolvidas por algumas igrejas e por autoproclamados psicólogos para tentar reprimir o desejo natural.
Com o pretexto de defender ídolos, crenças e divindades , os muares tribudiaram sobre o corpo e a reputação de Karol , além de multiplicar o sofrimento genuíno da família e dos amigos. Chafurdaram olimpicamente na lama, diga-se, habitat que lhes serve como luva.
Os profissionais deixam claro que a auto-eliminação raramente tem uma única causa. E falar da depressão é apenas parte dessa questão. Por ser ela figura pública, este caso pode realçar a importância de prestarmos atenção nas dores dos que nos cercam e criarmos políticas públicas com centralidade na saúde mental.
Tanto a pessoa com ideação suicida quanto seu entorno precisam de suporte e atendimento especializado. Que deve ser provido pelo SUS.
Esse é o debate que interessa!