Após uma série de ataques contra o presidente a Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), chamando-o de "caloteiro", o senador Renan Calheiros (MDB-AL) o acusou de impedir que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) forme uma base aliada robusta na Casa. "Ele só possibilita votação do que vai efetivamente derrotar o governo", relatou a jornalistas nesta quarta-feira (31).
O emedebista reprovou o senso autoritário de Lira em relação ao governo e disse que o presidente da Câmara só prioriza pautas divergentes ao Executivo. Como exemplo, houve a votação do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, que foi sancionada na última terça-feira (30), embora ministros do governo tenham pressionado para que ela não ocorresse.
"O governo está tendo dificuldade porque o presidente [Arthur Lira] tem impedido que o governo construa maioria: ele só possibilita votação do que vai efetivamente derrotar o governo. Impede o governo de exercer a coalizão que montou e, quando aprova uma matéria, aprova como se fosse uma concessão dele à República", disse Calheiros.
Lira, por sua vez, afirmou, via conversa telefônica, que o Planalto necessita da capacidade de articulação no Congresso. O parlamentar declarou também seu incômodo com os ataques recebidos de Renan, sendo este um aliado governista.
Essas declarações estão ocorrendo em meio às intensas negociações entre Lula e Lira. O governo busca aprovar medidas provisórias consideradas por ele fundamentais para a boa gestão e desenvolvimento do Brasil - como a MP do novo arcabouço fiscal - enquanto parte do Plenário resiste, exigindo a distribuição de emendas orçamentárias.