A Polícia Federal realizou, nesta quarta-feira (03), buscas na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília. Além do ex-chefe do executivo nacional, o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens também foi alvo da ação. Diferente de Bolsonaro, Mauro Cid foi preso junto com outros cinco suspeitos.
A Polícia Federal chegou a marcar um depoimento de Bolsonaro para a manhã desta quarta-feira, mas foi informada pela defesa do político que ele não compareceria. A operação na casa do ex-presidente foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes e faz parte do inquérito das "milícias digitais", que tramita no Supremo Tribunal Federal.
De acordo com apurações divulgadas pela TV Globo, houve fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e de sua filha de 12 anos no dia 21 de dezembro de 2022, pouco antes de sua viagem para os EUA. Os dados foram retirados do ConecteSUS no dia 27 do mesmo mês.
O motivo da operação é investigar um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
"Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid", diz a Polícia Federal.
Ainda segundo a Globo News, além dos certificados de vacinação de Bolsonaro e sua filha, também teriam sido adulterados o de seu ex-ajudante, o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, sua mulher e filha. O objetivo da fraude seria garantir a entrada de Bolsonaro, seus auxiliares e familia nos Estados Unidos. A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro também é investigada.
Carteira de vacinação de Bolsonaro
Segundo apurou a TV Globo, os sistemas do Ministério da Saúde indicam que duas doses de vacinas contra Covid teriam sido aplicadas em Jair Bolsonaro. Nesta quarta, após a operação da PF, o próprio ex-presidente negou que ele e a filha tenham se imunizado.
No sistema da Rede Nacional de Dados em Saúde, no entanto, constam duas doses da Pfizer:
a primeira, supostamente aplicada em 13 de agosto de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ);- a segunda, supostamente aplicada no dia 14 de outubro, no mesmo estabelecimento de saúde.
Os dados, segundo os investigadores, foram inseridos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações apenas em 21 de dezembro, pelo secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha.
Uma semana depois, no dia 27 de dezembro do ano passado, as informações foram excluídas do sistema por Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, sob alegação de "erro".
Alvos da operação
No início da manhã de hoje, todas as prisões já tinham sido cumpridas. A TV Globo apurou os seis presos são:
- o coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
- o sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid;
- o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- o policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial;
- o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro;
- o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.