Em entrevista ao Jornal Meio Norte, a presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT22), a desembargadora Liana Ferraz de Carvalho diz que o TRT 22 sempre procurou estar na vanguarda da tecnologia, é um órgão que tem várias demandas, seja no campo jurisdicional, como administrativo. “Especificamente no campo administrativo, nosso principal desafio diz respeito ao nosso quadro funcional, pois, embora tenhamos um corpo de servidores exemplar, temos carência de servidores, pois temos o menor número se comparado aos tribunais de mesmo porte”, diz em entrevista ao Jornal Meio Norte.
A desembargadora destaca que mesmo com tal realidade, o TRT-PI consegue premiações e se destaca entre os tribunais trabalhistas.
Na entrevista, a desembargadora fala sobre a experiência do Tribunal durante o atendimento na pandemia, com a realização de audiências por videoconferência.
Meio Norte- Todos os setores passaram por mudanças e adaptações com esta pandemia. Como o TRT 22 superou estes dois anos, mantendo bom ritmo de trabalho?
Desembargadora Liana Ferraz: O TRT sempre procurou estar na vanguarda da tecnologia. Desde 2010 já havíamos implantando processos eletrônicos e já partimos na frente no uso do PJe, programa hoje que funciona 100% nos órgãos do TRT. Com esse know-how, conseguimos retornar de forma remota, fazendo audiências por videoconferência. Além disso, adotamos as ferramentas do Conselho Nacional de Justiça, como o balcão virtual e o juízo 100% digital. Atualmente, estamos na fase de retorno presencial, mas aproveitando a boa herança dessas ferramentas eletrônicas que tivemos que dominar.
MN:- O TRT 22 foi um dos mais céleres do País, qual foi o total da demanda deste ano no TRT? Quantos processos julgados?
LF: No ano de 2020 o número de processos caiu até mesmo pelo isolamento social necessário. Nesse ano, já temos um incremento no número de ações e já verificamos uma maior quantidade de processos para sentença e na fase recursal. Com relação aos números, só teremos o fechamento no mês de janeiro de 2022. Mas, em média, grande parte das Varas terá de 1000 a 1500 casos novos neste ano de 2021. É o que esperamos.
MN: Qual o diferencial do TRT 22 para conquistar esse feito de ser o mais célere do País?
LF: Há um complexo de ações para isso. Desde o comprometimento dos nossos colaboradores (juízes, servidores e colaboradores que trabalham em empresas de terceirização), até a adoção de políticas de gestão. Não pensamos o Tribunal a curto prazo, mas a médio e longo, tendo por foco o jurisdicionado.
MN:- Quais foram os impactos da reforma administrativa para o TRT?
LF: Fica difícil uma manifestação eis que, pelos pontos apresentados, ainda poderá haver considerável modificação no Congresso Nacional. Assim, temos que esperar a definição de quais pontos alcançarão o Poder Judiciário, especificamente.
MN: Qual a sua avaliação das relações de trabalho durante a pandemia? Há maior preocupação com a manutenção do emprego?
LF: A pandemia trouxe para o centro da discussão a necessidade de o poder público amparar boa parte da população. Além dos empregados, cujos empregos foram mantidos com políticas governamentais, temos aqueles autônomos que tiveram socorro provisório em outras ações do governo central e alguns estaduais. Não discuto se foi pouco ou muito o benefício, mas chamo a atenção de que, em momentos extraordinários como esse, é importante a definição dos papéis de cada poder, tendo como foco a manutenção dos empregos. Foi fundamental a participação do governo para essa manutenção.
MN: O TRT tem realizado ações sociais, como palestra sobre autismo, Outubro Rosa, quais outros eventos e ações estão planejadas para este ano?
LF: Temos eventos promovidos pelo próprio TRT, bem como outros realizados por iniciativas dos Conselhos, tanto o CNJ, quanto o CSJT. Teremos nesse mês de novembro a Semana Nacional de Conciliação.
MN: Para a senhora, como é presidir o TRT 22, um tribunal que é exemplo para o país?
LF: Embora de pequeno porte, o TRT22 é um órgão da União que possui várias demandas, seja no campo jurisdicional, como administrativo. Especificamente no campo administrativo, nosso principal desafio diz respeito ao nosso quadro funcional, pois, embora tenhamos um corpo de servidores exemplar, temos carência de servidores, pois temos o menor número se comparado aos tribunais de mesmo porte. Mesmo com tal realidade, conseguimos premiações e nos destacamos dentre os tribunais trabalhistas.