O tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, desempenhou um papel central em um esquema que envolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na transformação de presentes luxuosos recebidos pelo governo em dinheiro. Cid tinha autorização para acessar as contas pessoais do então presidente da República, conforme revelado recentemente. Uma das primeiras tarefas designadas ao militar foi a de realizar um levantamento de todas as contas bancárias em nome de Bolsonaro, que se mostrou desorganizado financeiramente.
"O presidente sempre foi muito desorganizado com dinheiro. Nunca foi gastador, só que nunca controlou o dinheiro dele. Quando cheguei, comecei a procurar as contas que ele tinha, e encontrei várias contas inativas", relatou Cid, que durante o governo operou um sistema financeiro alternativo no Palácio do Planalto.
Cid consolidou as várias contas em uma única poupança no Banco do Brasil, após encontrar algumas contas com quantias "esquecidas" por Bolsonaro. O ex-presidente, aparentemente, preferia manter seu dinheiro em poupança e não gostava de investir. Ele também tinha aversão a transações bancárias suspeitas, recorrendo ao seu auxiliar de confiança para verificar regularmente sua conta em busca de depósitos desconhecidos.
Durante seu mandato, Bolsonaro expressou preocupações quanto a transações estranhas em suas contas, optando por não usar serviços de internet banking ou cartões de crédito. Aparentemente, ele tinha uma preferência por transações em dinheiro em espécie, para minimizar rastros suspeitos.
Essa preocupação com transações bancárias estranhas pode explicar algumas das evidências coletadas pela Polícia Federal (PF) durante uma operação que investigava negócios envolvendo presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente. Mensagens entre Cid e outro assessor militar, Marcelo Câmara, revelaram uma tentativa de entregar US$ 25 mil em dinheiro vivo a Bolsonaro, como parte da venda de presentes oficiais.
A PF concluiu que essas mensagens evidenciam um receio de utilizar o sistema bancário formal para repassar dinheiro ao ex-presidente. As investigações também revelaram que o pai de Cid, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, estava envolvido na venda de presentes oficiais nos Estados Unidos, o que resultou na transação dos relógios de luxo. Os valores foram pagos em uma conta americana registrada em nome de Mauro Cid, conforme apontado pelas autoridades.
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