Às vésperas do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode torná-lo inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) demonstrou estar pouco esperançoso de que conseguirá escapar da decisão condenatória. Nesta quinta-feira (22), a Corte Eleitoral vai discutir se o ex-chefe do Executivo não poderá concorrer a cargos públicos por oito anos, em decorrência do abuso do poder político e dos meios de comunicação.
"Hoje em dia, é quase uma unanimidade que vou perder a ação. Essa é uma verdade", afirmou o ex-presidente, em entrevista, na noite desta quarta-feira (21).
No último sábado (17), Bolsonaro observou que "os indicativos não são bons" para a plenária de julgamento. Está na pauta do TSE a análise de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral proposta pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), que solicita a sanção jurisprudencial de inelegibilidade do ex-presidente por causa de declarações, sem provas, que ele fez em relação à eficiência e segurança do sistema eleitoral brasileiro.
Durante a entrevista nesta quarta, além de negar que tenha feito uso do termo "fraude" para se referir às urnas eletrônicas, Bolsonaro reiterou os argumentos usados em sua defesa no processo.
Mesmo admitindo a alta possibilidade de derrota, o ex-presidente afirmou não está arrependido de nenhuma fala ou decisão tomada em sua gestão. "Não tenho que me arrepender. Sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Duvido que algum presidente tenha sido mais democrático do que eu", disse.
Bolsonaro se recusou a apontar o nome de um possível sucessor que representará a política direitista, caso se torne inelegível. "Não vou aqui passar um atestado de derrotado. Essa entrevista está ajudando muitas pessoas a entenderem o que está acontecendo no TSE", declarou, confirmando que, se for preciso, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF), última instância do Judiciário.
O segredo de justiça imposto a partes do processo também foi comentado ao longo da entrevista, como justificativa para Bolsonaro não relatar as suas considerações finais sobre governo, alianças, políticas e ideologias. "Não posso mostrar para vocês porque o senhor Benedito Gonçalves [relator do caso e corregedor eleitoral] decretou segredo de justiça", disse o ex-presidente.