Na última quinta-feira (17), a deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) apresentou um boletim de ocorrência à Polícia Legislativa de Minas Gerais, após enfrentar duas ameaças de morte e uma ameaça de "estupro corretivo". No primeiro incidente, datado de 8 de agosto, a parlamentar recebeu um e-mail em que o remetente afirmava que sua orientação sexual lésbica a tornava inaceitável no cenário político legislativo.
O e-mail continha a mensagem: "Seremos breves: você é lésbica e por isso sua presença na Câmara de Vereadores de nossa Belo Horizonte, a capital das Minas Gerais, não será mais tolerada". O remetente também pediu que ela renunciasse e deixasse o estado.
Um segundo e-mail, enviado em 14 de agosto, ameaçou violência sexual como forma de "cura lésbica". Outros destinatários das ameaças foram a vereadora de Belo Horizonte, Cida Falabella (Psol), e as deputadas federais Dandara Tonanzin (PT-MG) e Duda Salabert (PDT-MG). A segunda mensagem também foi enviada a Falabella e à vereadora Iza Lourença (Psol).
Referências à Ditadura Militar de 1964
As mensagens de ameaça incluíam referências ao Coronel Brilhante Ustra, condenado por torturas durante a ditadura cívico-militar brasileira, e eram assinadas pelo Comando de Caça aos Comunistas de Minas Gerais (CCC-MG), uma alusão à organização paramilitar que operou nas décadas de 60 a 80, envolvendo torturadores na época.
A mensagem também utilizava o slogan "Deus, Pátria e Família", associado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Bella Gonçalves reafirmou sua determinação em cumprir suas funções na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), rejeitando qualquer recuo diante das ameaças. Em um comunicado, ela afirmou: "Não existe qualquer possibilidade de recuo da nossa parte diante dessas ameaças, que atentam não só contra mim, mas contra a democracia e o direito à diversidade, a existir, a viver. Nosso mandato vai seguir sendo um dos mais combativos da Assembleia de Minas, levantando nossas bandeiras com orgulho e muita determinação de luta".
Andréia de Jesus
Nos anos recentes, a deputada estadual Andréia de Jesus (PT-MG) também foi alvo de ameaças de morte. Uma das mensagens, enviada em setembro de 2022 e assinada também pelo CCC-MG, detalhava como a petista seria assassinada, fazendo referência à vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (Psol), que foi assassinada em março de 2018.
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