O presidiário Paulo Sérgio Milato, de 52 anos, morreu asfixiado com o próprio sangue após sofrer uma violenta crise de tosse, na última semana, enquanto trabalhava em uma empresa de plásticos localizada em Guarulhos, na Grande São Paulo. O incidente ocorreu nas proximidades da unidade prisional onde ele cumpria pena em regime semiaberto, condenado por estupro.
De acordo com o relato de um carcereiro, prestado na delegacia onde o caso foi registrado, Paulo Sérgio havia sido diagnosticado com tuberculose e, durante seu turno de trabalho, começou a passar mal. Durante a crise de tosse, ele expeliu sangue e entrou em colapso, falecendo ainda no local antes que pudesse receber qualquer tipo de socorro.
Apesar da gravidade da situação, fontes confidenciais revelaram que a rotina da empresa seguiu normalmente, sem interrupções após o falecimento do detento. Um dos informantes afirmou que não houve perícia imediata e destacou o descontentamento dos outros presos com a situação. "Os presos estavam muito chateados com o descaso. O dono da empresa nem se pronunciou para consolar", comentou a fonte.
Complicações da tuberculose
Segundo apuração, na quarta-feira anterior ao ocorrido, Paulo havia sido atendido por um médico e, em ocasiões anteriores, chegou a ser isolado por uma semana devido ao agravamento dos sintomas da tuberculose. Mesmo com um atestado médico em mãos, a liberação para que ele continuasse trabalhando foi autorizada, aparentemente sem o conhecimento da equipe responsável. "A enfermeira está preocupada e o diretor geral também, porque não querem que [a morte] tenha repercussão", disse uma pessoa envolvida no caso.
Ainda segundo funcionários da unidade prisional, o local não dispõe de motoristas para atender emergências médicas, o que pode ter comprometido a rapidez no atendimento a Paulo. Registros da Polícia Civil indicam que o detento trabalhava das 14h às 22h na empresa de manufatura de plástico e retornava ao presídio após o término do expediente.
Crime de estupro
Paulo Sérgio Milato foi condenado em janeiro de 2017 a uma pena de dez anos, nove meses e 18 dias em regime fechado, pelo crime de estupro cometido em Araras, no interior de São Paulo. De acordo com a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), no dia 9 de fevereiro de 2016, ele abusou sexualmente de uma mulher sob "violência e grave ameaça", após invadir a casa da vítima, pular o muro e ameaçá-la com uma faca. Segundo a Promotoria, Paulo puxou os cabelos da vítima e disse que a mataria caso ela resistisse.
Os gritos de socorro da mulher alertaram os vizinhos, que flagraram Paulo completamente nu junto à vítima, também despida. O agressor foi contido e agredido pelos moradores, que o amarraram até a chegada da polícia. Na ocasião, ele foi preso em flagrante, mas negou o crime durante o depoimento.
Posteriormente, Paulo obteve progressão de regime para o semiaberto e estava cumprindo sua pena na Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, até o momento de sua morte.