Uma dentista identificada como Hellen Kacia Matias da Silva foi presa sob suspeita de causar deformidades em pacientes após realizar procedimentos estéticos que, de acordo com a Polícia Civil de Goiânia, deveriam ser conduzidos apenas por cirurgiões plásticos. Informações indicam que a odontóloga fazia uso das redes sociais para promover seus serviços, sendo que um de seus perfis conta com mais de 650 mil seguidores.
O Conselho Regional de Odontologia (CRO-GO) divulgou em nota que está tomando "medidas administrativas pertinentes" e que o registro profissional de Hellen permanece ativo em Goiás, com especialidade em harmonização orofacial.
A divulgação do nome e imagem da dentista foi autorizada pela Polícia Civil com o intuito de encorajar novas vítimas a denunciarem eventuais crimes. Hellen foi presa na terça-feira (30), após evidências de que teria deformado o rosto de pacientes ao realizar cirurgias estéticas proibidas pelo Conselho Federal de Odontologia.
A investigação teve início em setembro de 2023, após a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) receber denúncias sobre Hellen e outros três médicos praticando ilegalmente a medicina.
De acordo com a delegada Débora Melo, responsável pela investigação, a odontóloga anunciava todos os procedimentos estéticos nas redes sociais por valores abaixo do mercado, atingindo um grande número de pessoas. Os procedimentos incluíam alectomia (redução do nariz), blefaroplastia (retirada de pele excessiva dos olhos), lipo de papada (face lifting) e outros, todos expressamente proibidos pela odontologia.
As publicações de Hellen nas redes sociais exibiam vídeos e fotos de resultados positivos, acompanhados por legendas que promoviam os procedimentos. Além disso, a dentista oferecia cursos em que ensinava técnicas destinadas a cirurgiões plásticos, como face lifting.
A polícia apreendeu celulares, prontuários médicos e outros materiais durante um mandado de busca e apreensão realizado em novembro de 2023 na clínica da dentista. Mensagens recuperadas mostraram clientes insatisfeitos com inflamações, cicatrizes e assimetrias nos resultados. Uma vítima relatou que Hellen almoçou enquanto outra pessoa realizava o procedimento, resultando em um resultado insatisfatório.
A delegada ressaltou que a polícia encontrou instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos durante as buscas iniciais em abril de 2023. Na última vistoria, em 28 de janeiro de 2024, mais produtos vencidos foram apreendidos.
Em abril de 2023, Hellen e uma clínica estética foram condenadas a pagar R$ 10 mil em indenização por danos morais a uma paciente que teve o nariz deformado após uma rinomodelação realizada pela profissional. O tribunal negou o recurso da condenação, e o processo aguarda o cumprimento da sentença.