A Ouvidoria das Polícias abriu um procedimento para apurar a morte do torcedor do São Paulo, Rafael Garcia, e solicitou à Polícia Militar que envie imagens das câmeras corporais portáteis usadas pelos agentes durante o confronto contra torcedores no último domingo (27). A vítima morreu atingida por disparos de arma de fogo, segundo o atestado de óbito.
Além disso, a Ouvidoria solicitou informações sobre o tipo de munição utilizada, a identificação dos policiais que estavam no local e relatórios com atribuição de tiros disparados por policiais. A Polícia Civil deve enviar as imagens de câmeras do local, laudos necroscópicos, laudos do local e também balísticos.
"A Ouvidoria acompanhará todos os passos deste lamentável ocorrido e aproveita para manifestar seu total repúdio a qualquer forma de violência que, infelizmente, insiste em marcar esses confrontos que deveriam deixar como saldo apenas as emoções referentes à atuação esportiva e suas boas influências para a sociedade", diz Ouvidoria das Polícias, em nota.
CONFRONTO ENTRE TORCEDORES E POLICIAIS
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), houve um tumulto provocado por torcedores que queriam invadir uma área restrita. Imediatamente houve um reforço na segurança com apoio de batalhão e cavalaria. Conforme a Pasta, como os torcedores foram impedidos de passar, eles começaram a jogar garrafas na direção dos policiais, além de pedras e fogos de artifício.
Imagens da Sportv que circularam na internet, é possível ver o momento em que policiais militares dão golpes de cassetete em um grupo de são-paulinos. Oito policiais ficaram feridos no confronto. A polícia diz que interveio com técnicas de menor potencial ofensivo, como jatos d'água.
MORTE DO TORCEDOR
Segundo a polícia, Rafael Garcia foi encontrado com um ferimento na cabeça. O rapaz ainda foi socorrido para o Pronto Socorro Campo Limpo, no entanto, não resistiu e faleceu no hospital, segundo a SSP. Situação esta contrariada, pois segundo testemunhas, os PMs não deixaram prestar socorro ao Rafael. Ele foi vítima de disparos de arma de fogo. A informação consta no atestado de óbito da vítima, divulgado pela família nesta terça-feira (26).
"Quando os torcedores se dispersaram, os policiais encontraram um homem com um grave ferimento na cabeça. Ele foi socorrido, mas não resistiu. A morte é investigada pelo DHPP, que atua para esclarecer todas as suas circunstâncias", disse a nota da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
De acordo com a família de Rafael, o torcedor tinha deficiência auditiva e integrava a ala inclusiva "Surdos e Mudos tricolores" da torcida organizada Independente Tricolor. Durante o velório, amigos e membros da Torcida Independente, do São Paulo, exibiram faixas pedindo investigação rigorosa do crime. A mãe, Vilma Custódio dos Santos, também diz que é preciso investigar quem foi o autor do disparo contra o filho dela.
“No atestado de óbito tá que meu filho foi assassinado. Por quê, se meu filho só queria se divertir? Não tinha outra torcida. Quem matou meu filho? Isso agora eu quero saber”, declarou Vilma.
TUMULTO E HOMICÍDIO
O caso foi registrado como promover tumulto e homicídio na Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva – DRADE e é investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Rafael foi enterrado nesta terça (26).