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Empresário suspeito de ligação com PCC fica em silêncio e cumprirá medidas em Teresina

Empresário Haran Santiago Girão Sampaio, um dos alvos da Operação Carbono Oculto 86, compareceu nesta quinta-feira (6) à sede do Draco

Delegado Laércio Evangelista, DRACO e Delegado Anchieta Nery, Inteligência da SSP durante coletiva e o empresário Haran Santiago Girão deixando a sede do Draco | Foto: Saymon Lima/MeioNews
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O empresário Haran Santiago Girão Sampaio, um dos alvos da Operação Carbono Oculto 86, compareceu na manhã desta quinta-feira (6) à sede do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), em Teresina, para prestar depoimento no inquérito que apura a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis no Nordeste.

Segundo odelegado Laércio Evangelista, coordenador do DRACO, o investigado foi apresentado por seu advogado para tomar ciência das medidas restritivas impostas pela Justiça. 

“O advogado veio apresentar um dos investigados para que ele tivesse ciência das medidas restritivas impostas pelo Judiciário. Já ficou agendado para que seja formalizado o termo de interrogatório. Durante a apresentação, o investigado permaneceu calado”, afirmou.

Entre as determinações judiciais, os investigados estão proibidos de sair da comarca de Teresina, de manter contato entre si — inclusive por meio de terceiros ou redes sociais — e deverão entregar seus passaportes à Polícia Federal. Ainda segundo Laércio Evangelista, o outro empresário citado nas investigações, Danillo Coelho de Sousa, deve se apresentar ao longo da tarde para prestar esclarecimentos.

O delegado Anchieta Nery, da Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, destacou que a operação segue em andamento e que novas diligências estão sendo realizadas. 

“Nós temos três inquéritos em curso, dois já muito próximos de finalizar. As pessoas investigadas estão se apresentando para dar ciência da decisão judicial, e acredito que muitas delas têm interesse em colaborar com as investigações”, explicou.

Anchieta reforçou que a ação continua em fase inicial e que os próximos passos serão decisivos para o desfecho do caso. “Nós só iniciamos a fase ostensiva dessa investigação policial e temos o prazo de 30 dias para apresentar um relatório muito relevante para a sociedade, porque esse é um problema de dimensão nacional”, concluiu.

Mandados de busca e apreensões

Segundo o delegado, Haran foi abordado pela Polícia Civil no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, durante o cumprimento de mandado de busca itinerante. No local, os agentes apreenderam um computador, um celular e dinheiro em reais e euros.

Já Danillo foi abordado no Aeroporto de Teresina, onde também houve apreensão de notebook, celular e valores em espécie.

Empresários tiveram celulares, computadores e dinheiro apreendidos | Foto: Polícia Civil

“Nós demos cumprimento a mandado de busca itinerante, que permitia a execução onde quer que eles fossem localizados. Nossa equipe esteve em São Paulo e localizou o Haran em Guarulhos. Já o Danillo foi abordado aqui em Teresina”, explicou o delegado.

Sem indício de tentativa de fuga

Laércio Evangelista afirmou que a polícia não trabalha com a hipótese de fuga. “Acreditamos que eles estavam em uma viagem de rotina e já estariam retornando a Teresina para se apresentarem, para terem ciência das medidas restritivas impostas”, disse.

Venda de postos e suposta ligação com o PCC

As buscas fazem parte da segunda fase da Operação Carbono Oculto 86, que apura crimes de lavagem de dinheiro, adulteração de combustíveis, sonegação fiscal e organização criminosa, com possível vínculo com o PCC.

“Desde dezembro de 2023, quando houve a suposta venda do grupo HD para um grupo investigado em São Paulo por ligação com a facção, vínhamos reunindo elementos que comprovassem esse envolvimento”, afirmou o delegado.

Apreensões e bloqueios

Durante as diligências, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, joias, bolsas e valores em dinheiro, além do bloqueio de veículos, aeronaves e contas bancárias.

“Foram solicitadas medidas cautelares, como o bloqueio de veículos e aeronaves. Duas das quatro aeronaves do grupo já foram apreendidas e estão à disposição da Justiça”, informou Laércio.

Distribuidora e postos interditados

O delegado também confirmou a interdição de uma distribuidora de combustíveis localizada entre Teresina e Altos, por suspeita de adulteração.

“Esse grupo empresarial estava construindo uma distribuidora que, acreditamos, poderia ser usada também para adulteração de combustíveis. Solicitamos a interdição temporária, e o local foi interditado”, disse. Os postos de combustíveis ligados ao grupo HD também seguem com as atividades suspensas por ordem judicial.

“Eles permanecem interditados e devem seguir assim durante todo o processo”, concluiu o delegado.

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