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Empresário suspeito de ligação com PCC e técnico são denunciados pelo MP por diesel adulterado

Haran Santhiago e João Revoredo são acusados de comercializar combustível fora das normas da ANP em posto de Lagoa do Piauí.

Empresário Haran Santiago Girão Sampaio, um dos alvos da Operação Carbono Oculto 86. | Foto: Reprodução
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O empresário Haran Santhiago Girão Sampaio, um dos alvos da Operação Carbono Oculto 86, e o responsável técnico e instrutor de qualidade da rede de postos de combustível, João Revoredo Mendes Cabral Filho, foram denunciados pelo Ministério Público do Piauí (MPPI) por comercializar óleo diesel S-500B em desacordo com normas técnicas e regulamentares da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A denúncia foi apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela 6ª Promotoria de Justiça de Teresina. O inquérito constatou que o crime ocorreu em 21 de março de 2023, no posto HD 11, localizado no município de Lagoa do Piauí, a cerca de 41 km da capital.

Como foram descobertos?

Durante fiscalização do Procon/MPPI, os agentes identificaram turbidez no combustível, presença elevada de água e violação dos padrões obrigatórios de qualidade, o que configurava risco ao consumidor e infração à legislação. Segundo as investigações, os dois acusados atuaram em conjunto, permitindo a comercialização do produto adulterado.

“Mesmo cientes de suas atribuições técnicas e gerenciais. As condições do posto no momento da fiscalização, incluindo tanques expostos e em obras, foram apontadas como fatores que agravaram o risco de contaminação do produto”, informou o MPPI

Haran Santhiago e João Revoredo também são investigados por participação em uma organização criminosa do setor de combustíveis no Piauí, envolvendo possível adulteração e lavagem de dinheiro, evidenciando que os fatos não constituem um episódio isolado, conforme a denúncia.

Pena

O MPPI pede a condenação dos réus e a fixação de R$ 500 mil como valor mínimo por danos morais coletivos, a ser destinado ao Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (FPDC).

OPERAÇÃO  Carbono Oculto 86

Deflagrada no dia 5 de novembro, a operação integra a segunda fase das investigações que apuram um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes no setor de combustíveis, com possíveis vínculos com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital ( PCC) no Piauí, Maranhão e Tocantins. 

Postos foram interditados no Piauí./Foto: Ascom SSP

Haran e Danillo Coelho de Sousa são ex-proprietários da rede de postos de combustíveis HD, investigada por suposta ligação com a facção. Segundo a SSP-PI, o objetivo foi aprofundar as apurações sobre o fluxo financeiro e as conexões entre empresários e organizações criminosas. 

A polícia afirma que os investigados usavam postos de combustíveis, empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para movimentar e ocultar recursos ilícitos, estimados em cerca de R$ 5 bilhões.

GRUPO USAVA LARANJAS

As investigações apontam que empresários locais mantinham contato com operadores financeiros de São Paulo responsáveis por estruturar holdings e fundos usados para mascarar a origem do dinheiro. O grupo também teria utilizado laranjas e empresas recém-criadas para simular transações e alterar a titularidade de postos.

A Justiça autorizou prisões temporárias, bloqueio de contas, buscas e a interdição de postos e empresas. Os alvos estão proibidos de deixar Teresina ou manter contato entre si.

Leia Mais

A operação é um desdobramento de apurações que se intensificaram após a venda da Rede HD, em dezembro de 2023, para a Pima Energia, criada poucos dias antes da transação, levantando suspeitas de ligação com operadores do PCC. Haran prestou depoimento no dia 6 de dezembro. 

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