A Delegada Nathalia Figueiredo, da Delegacia de Feminicídio, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), concedeu entrevista exclusiva à Rede Meio Norte na tarde desta segunda-feira (22), e deu detalhes da investigação que resultou na prisão temporária do empresário Eliésio Marinho. Ele é suspeito de matar a esposa Kamila Carvalho do Nascimento, de 22 anos, encontrada morta na última sexta-feira (20), com um tiro na cabeça dentro de casa.
Conforme a delegada, a mulher foi encontrada completamente nua, com uma faca na mão esquerda e com uma pistola .380 ao lado do corpo. Nathalia Figueiredo explicou que o tiro que resultou na morte de Kamilia foi dado a longa distância, detalhe corroborou para a justiça decretar a prisão de Eliésio Marinho. Ele foi preso na manhã desta segunda-feira, no momento em que prestava depoimento na Delegacia de Homicídio.
Havia muitas inconsistências no local de crime. Nós recebemos o laudo cadavérico que mostrou que o disparo que vitimou Camila foi a longa distância, pouco mais de 40 centímetros. Não apresentava características de um disparo a curta distância. Ou seja, não batia com a informação que ele deu, de que a vítima teria ceifado a própria vida. Ainda faltam outros laudos que serão importantíssimos para a elucidação dessa situação, por isso, pedimos a prisão temporária para preservar provas do caso”, afirmou a delegada.
Ainda de acordo com Nathalia Figueiredo, durante depoimento, o empresário sustentou a versão de que a vítima teria cometido suícidio. “Ele falou também que tinha chamado o advogado e não o Samu, que seria algo natural diante da situação. Ele falou também que teve uma discussão com a esposa, mas segundo ele, não que pudesse motivar ele a tirar a vida dela”, afirmou a chefe da investigação.
AUTUADO POR PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO
A delegada informou ainda que a pistola .380 encontrada ao lado do corpo da vítima pertence ao empresário, mas está registrada no nome de outra pessoa. “Anteriormente ele já tinha sido autuado por porte ilegal de arma de fogo, nesse caso a arma estava no nome dele, mas essa pistola da investigação está no nome de outra pessoa”, finalizou.
EMPRESÁRIO CHOROU EM ENTREVISTA A MEIO NORTE
O empresário Eliésio Marinho, companheiro de Kamila Carvalho do Nascimento, de 22 anos, encontrada morta, com um tiro na cabeça, na residência do casal, na última sexta-feira (20), no bairro Aeroporto, zona norte de Teresina, procurou a reportagem do Bom Dia Meio Norte e contou detalhes sobre o caso.
Em entrevista ao repórter Kilson Dione, Eliésio disse que o momento que está passando é muito difícil e revelou que houve uma discussão com a companheira. Ele falou que deixava a arma no guarda-roupa, e que era para a sua segurança, para a segurança da sua família, pois era empresário e tinha medo que alguém invadisse sua casa.
"É um momento difício para mim, a gente discutiu, ela então correu para a cozinha, pegou uma faca e veio para cima de mim, nessa hora minha filha entrou no meio, eu fui me afastando dela, caminhando para a sala, entre a sala e a cozinha tem uma porta de vidro, quando ela passou pela porta, ela correu para dentro do quarto e pegou a arma que ficava no guarda-roupa, ela sempre soube que tinha essa arma dentro de casa para minha defesa, pois sou comerciante e tinha medo da casa ser invadida, essa arma era para nos proteger. Eu tentei evitar, falei para ela não fazer isso, eu implorei e ela falava 'Eu vou acabar com isso', aí ela pegou a arma, colocou na cabeça e disparou", disse o empresário.
Eliésio disse que, nunca entregou a arma para Kamila e não soube dizer se ela sabia ou não manusear uma arma. Ele falou que após o disparo, ligou para algumas pessoas e depois foi retirado do local, junto com a filha, pois, segundo ele, não tinha condições de permanecer na casa.
"Eu nunca entreguei a arma para ela, não sei se ela sabia manusear. Ela destravou a arma e atirou. Depois disso eu liguei para várias pessoas, primeiramente liguei para meus familiares, que foi minha irmã, liguei também para um amigo meu, que trabalha no SAMU, ele também é advogado, eu estava muito nervoso, traumatizado com a cena que eu vi, depois meus familiares chegaram, aí eu liguei para a irmã dela, mas não tive condições de falar, foi minha cunhada que explicou o que tinha acontecido. Depois disso eu fui retirado do local, com minha filha, pois eu não estava bem, não tinha condições de ficar lá", disse.
Sobre a informação da Polícia Civil, que informou ter encontrado a arma de fogo travada, o empresário não soube precisar o que aconteceu, mas disse que, segundo relatos que teria escutado, disse que a Polícia Militar fez o travamento da arma. Com relação ao depoimento à polícia, Eliésio disse que foi à delegacia, mas que a delegada não foi encontrada e o depoimento foi marcado para outro dia. Disse ainda que não cometeu o crime
"Eu não estava mais na casa, não sei lhe confirmar, mas eu não peguei mais na arma, eu não toquei nela. Há relatos, não sei se é verdade, mas, a polícia foi que fez o travamento dela, a Polícia Militar, que chegou primeiro no local. Sobre meu depoimento, eu fui me apresentar na delegacia, mas a delegada não se encontrava lá e o depoimento foi marcado para outro dia. Quero também dizer que, estou à disposição, eu não cometi esse crime, eu implorei para ela não fazer isso, até porque, tem muita gente falando que fui eu que cometi esse crime, eu não consigo tirar essa cena da minha cabeça, estou passando por um momento muito difícil", finalizou.
SOBRE O CRIME
Uma jovem identificada como Kamila Carvalho do Nascimento, de 22 anos, foi encontrada morta na madrugada de sexta-feira (20), no bairro Aeroporto, zona Norte de Teresina. Kamila é esposa de um empresário que trabalha com venda de veículos.
Em coletiva à imprensa, o delegado Francisco Costa, o Barêtta, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), informou que a polícia foi acionada pelo advogado do empresário, esposo da vítima, onde ele alegava que a mulher teria cometido suicídio, mas apenas a perícia vai apontar o que aconteceu.
“Nós investigamos toda morte violenta, até que ela seja totalmente esclarecida. A mulher foi encontrada no quarto, despida, e segundo o relatório dos policiais, com uma faca na mão e uma pistola .380 ao lado. O advogado do esposo dela afirmou que ela tinha cometido suicídio, mas estamos fazendo os levantamentos e esperando os laudos para determinar as causas”, relatou o delegado.
ARMA ESTAVA TRAVADA
Barêtta chamou atenção para um dos indícios encontrados na cena da morte. A pistola estava travada. Agora, se realmente a vítima cometeu suicidio, a perícia vai explicar como ela teria atirado contra a cabeça e depois travado a arma. “Vamos aguardar a perícia, para poder confirmar se foi suicidio ou se ela foi morta”, finalizou. O caso está sendo investigado pelo Delegacia de Feminicídio, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).