
“Quanto valeria passar um dia preso sendo inocente?”. Este foi o questionamento feito pelo advogado da Dona Lucélia Maria, o doutor Sammai Cavalcante. A idosa passou quase 5 meses presa após ser vítima de um plano orquestrado por um casal, o qual culminou na morte de 8 pessoas em Parnaíba (PI). A defesa pede uma indenização de cerca de R$ 300 mil para reconstruir a residência da mulher, destruída por populares na época de sua prisão.
Em entrevista ao Patrulha, da Rede Meio, a defesa de Lucélia contou como foram os dias da idosa atrás das grades, na penitência feminina de Teresina. A mulher recebeu “ameaças veladas, ameaças diretas, não conseguia dormir no cárcere [...]”. Sammai Cavalcante acrescentou que o maior dano foi moral:
Hoje, a Lucélia vem se reconstruindo como pessoa, desde quando saiu do carcere no início do mês passado, ela estava muito deteriorada, o emocional dela, só realmente Deus e a dona Lucélia sabem o que ela passou. [Dona Lucélia] me confidenciou coisas que realmente eu prefeito nem mencionar, ela ouviu ameaças, apesar da penitenciaria de Teresina ter zelado pela segurança dela.
Assista à entrevista!
INDENIZAÇÃO MATERIAL E MORAL
A defesa explicou que um perito avaliador mensurou um valor acerca da residência da Dona Lucélia que, em agosto de 2024, quando foi presa sob acusação de ter entregado cajus envenenados a duas crianças, foi incendiada por populares. Cavalcante refletiu que o valor foi fundamentado na destruição material, e pode ser maior caso a Procuradoria do Estado acate ou menor, dependendo do Poder Judiciário.
Tinha nessa casa, fogão, geladeira, televisor, cama, utensilio, o dano é mensurável [...] no campo moral, o sofrimento de uma pessoa que se manteve naquela situação que a Lucélia esteve, esse pedido deve ser maior, deve ser estendido [...] é um valor que não tem medida [...] a Lucélia tem direito a ser indenizada, e existe uma constituição penal no código civil que reza que uma pessoa que teve os seus direitos, que foi atingida de qualquer maneira, ela deve ser reparada principalmente quando esse erro provem do estado onde a responsabilidade é objetiva [...] Lucélia se declarou inocente desde o primeiro dia, e a defesa sustentou [...] a nossa constituição cidadã foi violada pelo estado.
O QUE SE SABE?
Lucélia Maria tem recibo apoio, também, de pessoas de outros estados. A Justiça ainda não a declarou inocente. Atualmente, ela mora com o companheiro, que tem deficiência visual. A idosa foi presa no dia 23 de agosto 2024 suspeita de envenenar Ulisses Gabriel, de 8 anos, e João Miguel de 7 anos; ela foi solta em 13 de janeiro de 2025 após o laudo pericial constara que não tinha veneno nos cajus dados por ela as crianças.
A mãe, tio, e três irmãos de Ulisses e João Miguel, além de outra mulher, morreram envenenados após comerem um baião de dois no Reveillon. O crime foi premeditado e executado pela avó e avôdrasto das vítimas. O casal está preso. Os acusados aproveitaram que Lucélia havia doado cajus e tentaram incriminá-la.
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