O Brasil tem mais de 21 milhões de pessoas que não têm o que comer todos os dias e 70,3 milhões em insegurança alimentar moderada. No mundo todo, são 735 milhões de pessoas passando fome, é o que aponta o relatório publicado nesta quarta-feira (12) pela Organização das Nações Unidas - ONU.
Conforme o relatório, são mais de 10 milhões de pessoas desnutridas no país. A insegurança alimentar moderada das famílias trata-se das incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos, tendo que reduzir a qualidade e quantidades de alimentos devido à falta de dinheiro ou outros recursos.
Já a insegurança alimentar grave, ocorre quando, em algum momento, as pessoas ficam sem comida, passam fome e, no caso mais extremo, ficam sem comida por um dia ou mais. Atualmente, 20,1 milhões de brasileiros estão nesta situação; 9,9% da população. Entraram para a estatística, desde o último levantamento, 5,7 milhões de brasileiros.
O relatório mostra ainda que 0,3 milhões de pessoas no país nem sempre tiveram o que comer em quantidade suficiente. São as pessoas que estão em situação de insegurança alimentar moderada/grave. Nove milhões de brasileiros entraram para esta estatística desde a última divulgação da FAO/ONU.
Entre os anos de 2020 e 2022, cerca de 892,7 milhões de pessoas (11,3% da população) estavam em situação de insegurança alimentar grave em todo o mundo. No Brasil, a média é que 1,5 milhão de brasileiros entraram para as estatísticas da fome, na comparação com o triênio 2019-2021.
“A recuperação da pandemia global foi desigual e a guerra na Ucrânia afetou os alimentos nutritivos e as dietas saudáveis. Este é o 'novo normal' em que as mudanças climáticas, os conflitos e a instabilidade econômica estão empurrando os que estão à margem ainda mais longe da segurança. Não podemos adotar uma abordagem de negócios como sempre”, relata o diretor-geral da FAO, QU Dongyu.
Procurado, o Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias (PT), explicou que 18,5 milhões de famílias, sendo 43,5 milhões de brasileiros, já elevaram a renda em 2023 com o novo Bolsa Família.
“A missão do governo é garantir que possamos tirar o Brasil do mapa da fome. Todos os ministérios estão trabalhado integrados com estados, municípios e entidades para garantir isso. Em breve será lançado o Plano Brasil Sem Fome, com o objetivo de reduzir a pobreza e a extrema pobreza”, disse o ministro Wellington Dias.
Wellington Dias ainda destaca que essa piora é reflexo do desmonte das políticas públicas sociais vivenciadas pelos brasileiros nos últimos anos. De acordo com ele, o relatório publicado pela ONU comprova que os últimos anos representaram um período de degradação da população mais pobre
“O país sofreu muito nos últimos três anos pela falta de cuidado e atenção com os mais pobres. Se tornou comum ver pessoas passando fome, na fila por ossos e catando comida no lixo para se alimentar. Isso foi a quebra e interrupção de um trabalho iniciado pelo presidente Lula em seus primeiros governos e que trouxe grandes avanços nesta área. Esse relatório da FAO comprova que os últimos anos representaram um período de degradação da população mais pobre do nosso país”, destacou o ministro.
Os dados são do relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), publicado nesta quarta-feira (12) em conjunto por cinco agências especializadas das Nações Unidas - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Programa Mundial de Alimentos (WFP).