A Organização Mundial de Saúde (OMS), publicou na noite desta quinta-feira (13), que o “Aspartame”, um dos principais adoçantes de refrigerantes dietéticos, foi adicionado à lista da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, Iarc, na sigla em inglês, de substâncias "possivelmente cancerígenas".
A publicação feita pelo órgão também conta com o pronunciamento do Comitê Misto da FAO e OMS de Peritos em Aditivos Alimentares (JECFA), que afirmou que "não há evidências convincentes de dados experimentais em animais ou humanos de que o aspartame tenha efeitos adversos após a ingestão". O comitê também afirmou em nota que não há motivos para que haja alteração na recomendação máxima diária feita por especialistas, que é de até 40 mg/kg.
A FDA, uma agência americana reguladora de alimentos e medicamentos, indicou recentemente que a ingestão máxima do adoçante artificial é permitida até 50mg/kg. Segundo o órgão, para uma pessoa que tenha o peso de 60 kg, ela teria que ingerir mais de 75 pacotes de 8 g de aspartame para que somente assim possa estar sujeita a algum problema de saúde.
O anúncio da OMS foi publicado após a conclusão do grupo de um de trabalho da Iarc, que era composto por 25 especialistas independentes de 12 países diferentes, que se reuniram para avaliar estudos feitos sobre o desenvolvimento do câncer no corpo humano. O trabalho foi publicado na PLoS no ano de 2022 e considerou resultados de exatos 102.865 adultos, que foram acompanhados por um tempo de 7,8 anos.
Essa classificação do produto ocorreu dois meses após o órgão desaconselhar o uso de todos os tipos de adoçantes artificiais que não fossem nutritivos, como substitutos do açúcar em dietas geralmente atribuídas a perca de peso. O alerta para o corte de uso era em relação aos efeitos colaterais destes compostos, como maior risco para doenças como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares como trombose e tipos de câncer em adultos.
De acordo com a classificação do órgão, o adoçante aspartame foi taxado como possivelmente cancerígeno por suas "limitadas evidências de câncer em humanos" e após a realização de experimentos com animais. O aspartame está presente em quase todos os produtos classificados como zero açúcar ou dietéticos, como refrigerantes; sucos prontos líquidos e em pó; chás industrializados, entre outros.
O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Augusto Miranda, afirmou em uma entrevista à Folha de S. Paulo que, geralmente as recomendações de órgãos de saúde possuem uma boa base de avaliação de dados científicos. Como neste caso, em que as decisões para as recomendações e anúncios foram baseadas em evidências de estudos de acompanhamento duradouro.
No Brasil, o órgão responsável avaliar a recomendação feita pela OMS é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que irá orientar futuras ações sobre o acesso e consumo desses produtos. "A diretriz vai servir de base também para os profissionais de saúde orientarem seus pacientes, baseados na análise individualizada", afirma Miranda.