O submundo do cibercrime: como as 'contas laranja' nutrem a fraude on-line

Pessoas comuns têm alugado suas contas bancárias para golpistas realizarem fraudes online

Comércio perigoso | Agência Brasil
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Uma prática perigosa tem chamado a atenção dos especialistas em segurança digital: pessoas comuns têm alugado suas contas bancárias para golpistas realizarem fraudes online em nome delas. Os indivíduos que emprestam suas contas recebem uma recompensa que pode chegar a R$ 2 milhões ou uma porcentagem dos valores desviados em empréstimos feitos em nome de terceiros.

Essas contas bancárias, conhecidas como "contas laranja", servem como um intermediário temporário para o dinheiro obtido ilegalmente, permitindo que os criminosos movimentem como valores desviados sem se incriminarem diretamente. A empresa de segurança Tempest conduziu uma investigação no submundo dos "laranjas" de crimes cibernéticos e identificou que a oferta desses serviços é feita livremente na internet, em grupos fechados de WhatsApp, Facebook, Telegram e também através de contas no Twitter.

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De acordo com a Tempest, existem dois tipos de "laranjas": os voluntários e os involuntários. Os voluntários são mais facilmente encontrados em grupos do Facebook, onde anunciam o aluguel de suas contas bancárias ou respondem a convidados de interessados em alugar. As relações são realizadas em conversas privadas e as pessoas variam. Há casos em que o pagamento é fixo, como R$ 2 mil por cada empréstimo feito na conta do "laranja", ou então uma porcentagem do valor depositado.

Já os "laranjas involuntários" são pessoas que também são vítimas dos golpes. Acreditando estar se candidatando a oportunidades de emprego, acabam cedendo suas contas bancárias, dados pessoais e até mesmo fotos de rosto aos criminosos. Em troca, recebem uma parte do dinheiro depositado em suas contas, sem terem conhecimento da origem dos recursos.

As informações dos "laranjas" são usadas pelos golpistas para o comércio de cartões clonados e dados pessoais em redes sociais como Twitter, WhatsApp e Telegram. Os valores cobrados pelas contas variam de R$ 20 a R$ 250. Além disso, os criminosos criaram estratégias para burlar a segurança bancária, como o uso de deepfakes com apenas uma imagem do rosto do correntista original, o que os permite criar identidades falsas e dificultar sua identificação.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que as instituições financeiras associadas têm utilizado desde 2019 uma ferramenta do Serpro que permite validações complementares de identidade para prevenção de fraudes. No entanto, a prática de "contas laranja" continua a representar um sério risco para a segurança dos usuários e do sistema financeiro.

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