Citada pelo ministro Benedito Gonçalves, relator do processo contra o presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como "sequência de meios para difundir dúvidas sobre o processo eleitoral, a live também esteve presente no depoimento de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, que foi prestado dentro da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), que pode provocar a inelegibilidade do ex-presidente.
No decorrer do processo de instrução, quando são realizadas as oitivas de testemunhas e levantadas as provas, o ex-ministro foi perguntado sobre a live gravada no ano de 2021, quando foram vazados informações secretas sobre ataque hacker ao TSE. Sobre o caso, Torres foi enfático e disse que os peritos da Polícia Federal “jamais afirmaram ali haver fraude, ou qualquer coisa no sentido. Isso não é afirmação dos peritos e muito menos nossa ali. A gente fez foi ler os questionamentos e as considerações feitas por eles”, garantiu durante depoimento que correm em segredo de justiça.
O presidente Bolsonaro, o deputado Filipe Barros, do Partido Liberal, e Anderson Torres falaram na live realizada no Palácio da Alvorada, na qual foram feitas várias acusações a respeito de fraudes nas urnas e também foram feitas várias críticas sem fundamento ao sistema eleitoral do País.
No seu depoimento, Anderson Torres afirmou que apenas fez uma leitura do resumo sobre o que conhecia de documentos públicos da Polícia Federal e que nunca teve acesso a qualquer tipo de documento a respeito do ataque hacker. “Os trechos que eu selecionei ali para poder falar são dos peritos da PF. Mas foi colocado por eles como aperfeiçoamento do sistema eleitoral”, afirmou.
Na sessão do julgamento do processo movido pelo PDT, no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é acusado de abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação, o ministro Benedito Gonçalves ressaltou a live de 2021 como mais um suporte ao encontro realizado pelo ex-presidente com embaixadores, ocorrida em julho de 2022, em que Bolsonaro falou sobre a questão de segurança e confiabilidade das urnas.
Segundo o ministro-relator, “as lives de 2021 foram exitosas em sua proposta pragmática de cultivar o sentimento de que uma ameaça grave rondava as eleições de 2022 e que essa ameaça partia do TSE. [Esse] conspiracionismo se conservou latente e foi acionado com facilidade no ano eleitoral”.
“Na reunião com chefes de missão diplomática, o investigado retomou a epopeia dos ataques ao sistema eletrônico de votação sem provas, acresceu mais um capítulo à saga: a derradeira tentativa das Forças Armadas de apresentar supostas soluções para evitar fraudes no pleito iminente”, ressaltou o relator do processo, destacando ainda que a liberdade de expressão não protege o acusado de “trazer informações falsas a respeito de uma investigação policial ou para fabricar uma teoria conspiracionista sobre fraudes eleitorais que envolveriam ministros e servidores do TSE”.
O processo é movido pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), que solicita que o TSE declare Jair Bolsonaro e Walter Souza Braga Netto inelegíveis. O Partido acusa os candidatos a presidente e a vice em 2022 de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O partido alega que o ex-presidente fez ataques ao TSE e ao STF e sem mostrar nenhuma prova afirmou que o resultado das eleições realizadas em 2022 não seriam confiáveis.