Um italiano de 36 anos se tornou o primeiro caso registrado de infecção simultânea pela varíola dos macacos, Covid-19 e o HIV. Antes de sentir os sintomas, ele passou cinco dias a passeio na Espanha e teve relações sexuais com outros homens sem uso de preservativo.
Um relato publicado pelos médicos da Universidade de Catania, na revista científica Journal of Infection, mostra que a contagem de glóbulos brancos sugere que a infecção pelo vírus HIV era “relativamente recente”, e o paciente relatou ter feito um teste em setembro do ano passado que havia tido resultado negativo. No entanto, em julho, depois de sintomas do novo coronavírus e da varíola símia, ele recorreu à emergência de um hospital e recebeu um diagnóstico positivo para as três doenças ao mesmo tempo.
Segundo especialistas, o homem infectado esteve na Espanha por cinco dias, de 16 a 20 de junho. Nove dias depois, ele teve sintomas como febre, dores de garganta, fadiga, dores de cabeça e inchaço dos linfonodos. No dia 2 de julho, resolveu fazer um teste para Covid-19, que retornou positivo. Porém, na mesma tarde, começou a desenvolver uma irritação na pele de seu braço esquerdo.
No dia seguinte, as lesões dolorosas, como bolhas, características da infecção pelo vírus monkeypox, apareceram no torso, nos membros inferiores, na face e nos glúteos. Dois dias depois, por causa da progressão das erupções e à disseminação das vesículas por outras partes do corpo, o paciente foi até a emergência do Hospital Universitário San Marco.
Lá, ele relatou ter feito um teste para HIV em setembro, que deu negativo; ter tomado apenas duas doses da vacina contra a Covid-19, a última em dezembro; e ter sido infectado pelo coronavírus em janeiro deste ano. Ele acrescentou que feito sexo com outro homens sem preservativo na Espanha.
Há seis dias com sintomas, ele ainda tinha um quadro de febre, fadiga, dores de cabeça, além de dores na região da faringe. As lesões na pele se concentravam principalmente na palma da mão direita e na região perianal, com vesículas em diferentes estágios.
No dia seguinte à admissão no hospital, pelo quadro que caracterizava uma alta suspeita, foi realizado um teste para o vírus monkeypox, que retornou positivo. Além disso, ele passou por um segundo diagnóstico para a Covid-19, que teve o mesmo resultado.
Por causa das relações sexuais recentes sem proteção e à maioria dos diagnósticos da varíola símia serem relacionados ao sexo, os médicos testaram o paciente também para uma série de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Foi quando ele descobriu que é portador do vírus HIV-1 -- a versão mais comum do patógeno.
Após o diagnóstico, o paciente deu início ao tratamento para o HIV. Dez dias depois, retornou ao hospital para repetir o teste de varíola dos macacos, que no entanto permanecia positivo. “Nota-se que o swab orofaríngeo da varíola dos macacos ainda foi positivo após 20 dias, sugerindo que esses indivíduos ainda podem ser contagiosos por vários dias após a remissão clínica. Consequentemente, os médicos devem encorajar as precauções adequadas”, destacam os especialistas.