Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o dia 3 de dezembro como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. O objetivo é que todos os países membros comemorem a data, promovendo conscientização, compromisso e ações que promovam os direitos das pessoas com deficiência.
Para celebrar a data, a ONU (Organização das Nações Unidas) vai promover uma semana de atividades com o tema “Construir Melhor: em direção a um mundo pós-covid inclusivo, acessível e sustentável".
Muitos obstáculos
De lá para cá muita coisa mudou. O preconceito, por exemplo, diminuiu de forma considerável. Mas ainda existem muitos obstáculos para essas pessoas que podem ter várias deficiências físicas e intelectuais.
Em tempos onde a inclusão social e a busca pela efetivação de direitos se tornam uma militância constante, muito já foi conquistado. No entanto, existem alguns desafios quanto à acessibilidade que precisam ser superados.
A verdade é que a pessoa com deficiência busca um só objetivo: o respeito. E isso parte do direito de ir e vir, além da oportunidade de vivenciar as mesmas experiências que alguém que não possui qualquer deficiência, ou ao menos algo parecido tendo em vistas às possíveis limitações.
Piauí avança na garantia de direitos
O Piauí avança nesse processo. Mauro Eduardo, secretário da Inclusão da Pessoa Com Deficiência (Seid), que permanece no cargo após a transição do Governo de Regina Sousa (PT) para Rafael Fonteles (PT), explica que muito será feito na nova gestão.
"Esse dia é importante porque o mundo todo faz uma análise do que avançamos e o que precisamos avançar. O Piauí, graças a Deus, avança na garantia desses direitos, descentralizando ações para melhorar a saúde de pessoas com deficiência", comemora.
O CEIR em Parnaíba e em São João do Piauí são exemplos desse processo. "Estamos agora expandindo o Centro Integrado de Educação Especial para Picos. Em Teresina, vamos construir um Centro Especializado para Pessoas com Espectro do Autismo. Será referência para o país", completa.
Mundo capaz de acolher a diversidade de corpos
O artista plástico Fábio Passos é cadeirante e acredita que, transcorridos 30 anos da instituição do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, existem conquistas para serem comemoradas.
"A exemplo da promulgação de leis que garantem formalmente direitos das pessoas com deficiência. Contudo, para que esses direitos sejam, de fato, efetivados, é necessário, a cada dia, combater o capacitismo: um preconceito que invisibiliza corpos e vidas de pessoas que possuem corpos que desafiam os padrões estéticos excludentes", considera.
Citando Hanna Arendt, Fábio acredita que para combater o capacitismo é necessário assegurar que as pessoas com deficiência possam conviver no mundo comum e, assim, ratifiquem o fato inquestionável de que “a pluralidade é a lei da terra”.
Diversidade
Para isso, não somente deve-se construir um mundo capaz de acolher a diversidade de corpos através de recursos arquitetônicos de acessibilidade.
"Deve-se fazer constantemente campanhas educativas para que os espaços acessíveis, como vagas de estacionamento, rampas e banheiros públicos adaptados sejam respeitados e estejam à disposição, em todos os momentos, para as pessoas com deficiência. Somente com essa postura a acessibilidade não será um sonho distante, mas algo verdadeiramente possível", aponta.
Preconceito diminuiu com acesso à informação
A partir de campanhas de conscientização, com o Dia Internacional da Pessoa Com Deficiência da ONU, o preconceito está diminuindo. Para a advogada Camila Marques, a primeira deficiente visual do Piauí a exercer a profissão.
Para Camila, é um fato que hoje se ouve falar mais sobre inclusão e acessibilidade.
"O próprio sistema de leis está mais moderno. Pesquisas e informações estão sendo disseminadas, e essas são as maiores armas para combater o preconceito. O conhecimento está em maior alcance, além dos direitos já conquistados", afirma.
No entanto, ainda há um percurso que precisa ser seguido. "Nós não podemos duvidar de todos os direitos que já foram conquistados até aqui. Ainda há um caminho razoável para o ideal. A sociedade precisa compreender que acessibilidade não é um favor, nem algo que se faz por obrigação. Todos podemos precisar de acessibilidade em algum momento da vida. De forma transitória ou permanente", analisa.
Acessibilidade para todos
Laura Maria Marques, natural de Esperantina, cidade localizada há 187 km ao Norte de Teresina, a popular “Laurinha”, é um verdadeiro ícone do Piauí. Uma voz incessante pela busca de direitos para a pessoa com nanismo, a recepcionista, empreendedora e modelo é conhecida em todo o Estado pelas campanhas publicitárias que estrelou nos anos 2000.
Para ela, a data é super importante porque ajuda a elucidar a população sobre o respeito e combate à intolerância. "Hoje a coisa já está mais fácil para nós. As pessoas aceitam mais. A própria mídia tem ajudado muito nesse processo para acabar com o preconceito. Está bem melhor", revela.
Acessibilidade
Para Laurinha, a acessibilidade não é mais um "sonho distante". "No curso de arquitetura, hoje, tem uma disciplina chamada acessibilidade. E eu sou muito convidada para os cursos para mostrar as dificuldades, para que quando eles forem executar o trabalho eles façam de acordo com as nossas necessidades", finaliza.