Cenipa: Pilotos da Voepass viram problema no sistema antigelo e relataram antes da queda

Relatório preliminar aponta que o avião não recebeu autorização para descer quando pediram, em razão de outro voo e que não houve declaração de emergência.

o Tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador-encarregado do Cenipa | Dalton Almeida/EPTV
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Atualizada às 20:18

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB),  divulgou, nesta sexta-feira (6), o relatório preliminar sobre as causas do acidente com o ATR 72-500 da Voepass, que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP), em agosto deste ano. O Tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador-encarregado do Cenipa, detalhou informações gerais da aeronave, da tripulação, do plano de voo e da meteorologia durante coletiva de imprensa.

O relatório preliminar do acidente aéreo da Voepass indicou que os pilotos do avião comentaram problema no sistema antigelo logo no início do voo. “O que temos até o momento é que houve uma fala extraída por meio do cockpit que um dos tripulantes indicava que havia uma falha no sistema de De-Icing [antigelo]. Isso todavia não foi confirmado do sistema de dados (FDR)", afirmou o Brigadeiro do Ar Marcelo Moreno, chefe da Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

A situação também foi confirmada pelo tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, chefe do Cenipa. De acordo com ele, os tripulantes comentaram sobre falhas no sistema de boot das asas (os que quebram o gelo). 

“Existiram duas vezes nos gravadores de voo de voz. Em uma delas, o piloto comenta que houve falha no sistema de airframe [antigelo]. Na segunda delas, o copiloto comenta 'bastante gelo'. Foram duas vezes que foi comentado durante o voo de 1h e 10 minutos sobre o gelo”, explicou Fróes.

FALHA NO SISTEMA ANTIGELO

A investigação do Cenipa também descobriu que o sistema antigelo do avião foi acionado algumas vezes pelos pilotos durante o voo. Mas que, em determinado momento, o avião voou seis minutos com aviso de gelo sem que o sistema de degelo tenha sido ligado. Contudo, o órgão não soube informar se o sistema era desligado pela tripulação ou se alguma outra condição estava desligando o mecanismo. Segundo o Cenipa, nenhuma hipótese está descartada.

NÃO FALARAM DE EMERGÊNCIA

Sem reportar nenhuma emergência, o piloto do avião da Voepass pediu à torre de aproximação de São Paulo para reduzir a altitude, mas o pedido foi negado inicialmente por conta de uma outra aeronave em rota convergente. O Cenipa disse que o pack do motor esquerdo estava inoperante, mas não impossibilitava o voo.  

CAUSA DO ACIDENTE

O relatório do Cenipa ainda não aponta qual foi a causa do acidente. O tenente-coronel explicou que, neste momento, o que o órgão fez foi analisar os fatos objetivos em relação ao voo. Ainda não é possível dizer que uma falha levou à queda.

Especialistas civis, logo após o acidente, afirmaram que a formação de gelo no avião pode ter sido um fator para a queda. O Cenipa informou que o avião, de fato, passou por uma rota de gelo severo, e que os registros de manutenção da aeronave atestavam que ela poderia voar nessas condições.

SOBRE O ACIDENTE

O turboélice, modelo ATR-72-500 da Voepass Linhas Aéreas (antiga Passaredo) caiu na tarde do dia 9 de agosto, em um condomínio em Vinhedo, no interior de São Paulo (SP). A aeronave saiu de Cascavel, no oeste do Paraná, com destino o Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo (SP). Sessenta e duas pessoas estavam a bordo e nenhuma sobreviveu. 

Este acidente foi considerado o maior acidente aéreo do Brasil desde 2007, quando aconteceu a tragédia no Aeroporto de Congonhas, que resultou na morte de 199 pessoas. 

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a aeronave foi fabricada em 2010 e estava em condição regular para operar, com certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos. De acordo com a agência, os quatro tripulantes estavam devidamente licenciados e com as habilitações válidas.

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