O quadro de servidores do Fórum de Londrina, no Paraná, ganhou reforços importantes. Os novos funcionários têm quatro patas e já conquistaram a todos no local. Por meio do projeto inovador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) em parceria com o Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais (Ibetaa), os cães Bello, Snow e Teela tornaram-se os primeiros cães de assistência judiciária do Brasil.
Os cães foram inseridos como instrumentos terapêuticos na rede de proteção às crianças e adolescentes vítimas de violência, seja ela psicológica, física, abuso sexual ou abandono. Os cães vão colaborar para que as crianças e adolescentes sejam assistidas e tenham um melhor acolhimento nos atendimentos feitos pela equipe técnica do fórum.
“Queremos fazer um trabalho diferenciado em prol desse público e não ficar naquela coisa burocrática, protocolar. Temos uma expectativa enorme que vai ser muito engrandecedor em relação à concretização dos direitos dessas crianças e adolescentes”, afirmou a juíza coordenadora do Núcleo de Apoio Especializado da Direção do Fórum de Londrina, Cláudia Catafesta.
A iniciativa é inédita no Brasil, mas a figura do cão de assistência jurídica é uma prática há 30 anos nos Estados Unidos. Diante de um quadro de trauma, a exemplo de um abuso ou abandono, há dificuldade e resistência natural das vítimas para ir até o Judiciário e discorrer a respeito do assunto. Dessa forma, os cães estão para auxiliar na humanização do ambiente, fazer a recepção e reduzir a ansiedade das crianças e adolescentes.
“O ambiente forense não é um local agradável para uma criança ou adolescente. Então, o animal é para eles terem vontade de entrar no fórum, se sentirem mais à vontade, diminuir o estresse, a angústia, esse medo do momento de falar. Através da aproximação com o cachorro, eles possam se soltar um pouco mais”, destaca a juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Londrina, Camila Tereza Gutzlaff Cardoso.
Segundo o fundador e diretor do Ibetaa, Carlos Pires, os cães terão papel fundamental como integrante da equipe do fórum. Além de facilitadores na criação de um vínculo entre a equipe de psicólogas do TJPR e os pacientes, eles serão a ponte entre o profissional e a criança, sendo um suporte emocional para a criança. Diante dos primeiros atendimentos dos cães de assistência jurídica, a resposta foi positiva, pois crianças e adolescentes já atendidos enviaram cartas de agradecimento pela recepção dos animais.
Os novos funcionários
Os cães que fazem parte do projeto são Snow, 7 anos, pertencente à raça samoieda. Ele é o mais experiente em atuação no fórum. A equipe de cães tem ainda a dálmata Teela, de 2 anos, e o caçula Bello, com apenas 7 meses. Bello, o mais novo, é da raça Bernese, e passou por uma avaliação específica que comprovou o perfil para atuar como cão de apoio emocional.
“Não é qualquer cão que pode atuar dessa forma. O animal passa por testes de comportamento para saber se tem o perfil. Depois, outros testes para saber se ele vai dar conta. Não é só porque o cachorro é bonzinho que ele vai virar um cão de assistência judiciária”, diz Carlos Pires, afirmando ainda que os cães permanecem sendo treinados.
No fórum, eles são acompanhados do adestrador para que entendam o que devem fazer e não se distraiam facilmente, já que o ambiente de trabalho é diferente. Além dos cães, 30 pessoas do fórum fizeram capacitação com profissionais do Ibetaa para que possam aproveitar o potencial do trabalho conjunto com o cão de assistência judiciária. O treinamento das pessoas consistiu em preparação teórica e, posteriormente, um acompanhamento prático para o manejo do cachorro. (Fonte CNJ)