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Cafeína contra o estresse: estudo revela efeito protetor do café no cérebro

Pesquisadores observaram que, em momentos de estresse, muitas pessoas tendem a aumentar o consumo de café — uma espécie de automedicação natural para aliviar os sintomas.

Café vai além de simplesmente nos manter acordados ou estimular a memória. | Foto: iStock
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O estresse tem se tornado um companheiro constante da vida moderna — seja no trabalho, no trânsito ou nos relacionamentos pessoais. E, embora muitas pessoas convivam com ele diariamente, nem todas buscam formas eficazes de lidar com seus gatilhos.

Mas há uma curiosa descoberta vindo da Alemanha que pode trazer alívio para quem sofre com a tensão do dia a dia: pesquisadores observaram que, em momentos de estresse, muitas pessoas tendem a aumentar o consumo de café — uma espécie de automedicação natural para aliviar os sintomas.

Cenários de pressão constante, como conflitos no ambiente de trabalho ou prazos apertados, podem desencadear o chamado estresse crônico, cujos efeitos vão além do cansaço: depressão, ansiedade, dificuldade de concentração e incapacidade de tomar decisões são consequências diretas.

"Esses são os principais efeitos do estresse crônico, tanto em humanos quanto em animais", afirma Christa E. Müller, professora do Instituto de Farmácia da Universidade de Bonn.

Popular em todo o mundo, o café vai além de simplesmente nos manter acordados ou estimular a memória. Estudos indicam que a cafeína também pode ajudar a reduzir os impactos do estresse no corpo.

Isso porque a substância age bloqueando um mecanismo cerebral responsável pelos sintomas da tensão. Em testes com camundongos, os pesquisadores constataram que, ao inibir esse processo, os sintomas de estresse desapareciam. "Os ratos voltaram a um estado completamente normal: menos ansiosos, menos deprimidos e com funções mentais mais afiadas", destaca Müller. Segundo ela, há indícios de que o mesmo possa acontecer com seres humanos, já que a cafeína parece atuar como antidepressivo e potencializador da cognição.

Bloqueio estratégico no cérebro

O ponto-chave está na adenosina — uma substância associada à sensação de estresse. Ela se conecta a receptores específicos no cérebro, desencadeando reações de tensão. A cafeína, por sua vez, compete com a adenosina e se liga a esses mesmos receptores, impedindo que os sintomas se manifestem.

"Quando a cafeína ocupa esse espaço, a adenosina não consegue mais se encaixar, interrompendo o sinal de estresse desde o início", explica Dominik Thimm, também do Instituto de Farmácia de Bonn.

No entanto, o consumo excessivo de cafeína tem efeitos colaterais bem conhecidos: insônia, aumento da pressão arterial e até incontinência urinária. Por isso, os pesquisadores estão desenvolvendo compostos que imitam o efeito da cafeína, mas sem provocar esses problemas.

"A cafeína tem uma ação relativamente fraca e não é seletiva. Pensamos, então, em criar uma substância muito mais potente", diz Müller. A solução foi inserir na molécula da cafeína um resíduo gorduroso que a tornou mil vezes mais eficaz. Esse novo composto se encaixa perfeitamente nos receptores cerebrais relacionados ao estresse, potencializando seu efeito.

Por enquanto, ainda é cedo para saber se essa nova substância funcionará em humanos. Estudos clínicos serão necessários para comprovar sua eficácia e segurança. Até lá, a boa e velha xícara de café continua sendo uma aliada — com moderação — contra os efeitos do estresse.

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