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Demência e diabetes: Sono irregular está ligado a mais de 170 doenças, aponta estudo

Dessas, cerca de 92 patologias apresentaram um risco 20% maior de ocorrência em pessoas com maus hábitos de sono

Demência e diabetes: Sono irregular está ligado a mais de 170 doenças, aponta estudo | Foto: Reprodução/ Freepik
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Um estudo recente aponta que a má qualidade do sono pode estar relacionada a um risco elevado para 172 doenças, entre elas demência, Parkinson e diabetes. A pesquisa, publicada no fim de julho na revista Health Data Science, destaca a regularidade do sono como fator crucial para a prevenção de diversas condições de saúde.

A análise foi realizada com base em dados de 88.461 adultos do UK Biobank, banco de informações biomédicas do Reino Unido. Os pesquisadores utilizaram registros de actigrafia, exame que monitora os ciclos de sono e vigília, ao longo de 6,8 anos. Os resultados mostraram que 92 patologias apresentaram um risco pelo menos 20% maior de ocorrência em pessoas com hábitos de sono inadequados.

ENTENDA

Entre os achados, indivíduos com horários irregulares para dormir tiveram risco 2,57 vezes maior de desenvolver cirrose hepática. Já a baixa estabilidade do sono esteve associada a um aumento de 2,61 vezes no risco de gangrena.

O estudo também contrapõe a ideia de que o “sono prolongado”, mais de nove horas por noite, seja necessariamente prejudicial. Enquanto relatos subjetivos apontavam esse padrão como fator de risco para doenças cardíacas e AVC, os dados objetivos da pesquisa confirmaram essa associação em apenas um caso.

“Nossas descobertas ressaltam a importância negligenciada da regularidade do sono”, afirmou o professor Shengfeng Wang, autor sênior do estudo, em nota à imprensa. “É hora de ampliarmos nossa definição de sono de qualidade para além da mera duração.”

O impacto do sono na saúde

Essa não é a primeira vez que a ciência aponta uma ligação entre sono ruim e problemas de saúde. Pesquisas anteriores já associaram distúrbios do sono ao aumento do risco de demência, ansiedade, depressão e até envelhecimento cerebral precoce.

Um estudo publicado em outubro de 2023 na revista Neurology indicou que adultos entre 40 e 60 anos com sono de má qualidade podem apresentar sinais de envelhecimento cerebral. Nesse caso, “sono ruim” incluiu dificuldades para adormecer e despertares frequentes. Outro trabalho, divulgado em maio deste ano, mostrou que mesmo algumas noites de sono insuficiente são capazes de afetar o funcionamento cardiovascular, aumentando o risco de insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana.

Em 2023, diferentes pesquisas também relacionaram noites mal dormidas à piora do humor, aumento da ansiedade e maior propensão à depressão. Além disso, o sono de má qualidade foi associado ao acúmulo de placas nas artérias, o que representa risco para a saúde vascular.

É possível dormir melhor? Diante das evidências científicas, a qualidade do sono deve ser considerada um dos pilares da saúde, ao lado de uma boa alimentação e prática de atividade física. Para isso, especialistas recomendam adotar uma rotina de higiene do sono, conjunto de práticas que ajudam o corpo e a mente a se prepararem para o descanso.

Veja algumas orientações:

  • Mantenha horários regulares para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana;
  • Evite bebidas com cafeína ou outras substâncias estimulantes nas horas que antecedem o sono;
  • Prefira refeições leves no período noturno;
  • Reduza o uso de telas (como celular e televisão) antes de dormir;
  • Crie um ambiente confortável, escuro e silencioso para o descanso.
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