A longevidade da população é um fator presente, que já podemos perceber inclusive no Brasil. Porém, alguns hábitos se tornam vilões no desenvolvimento de alguns tumores cancerígenos. “Pesquisas mundiais apontam que podemos reduzir em até 30% os riscos de câncer com a mudança de hábitos”, explica o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina, em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal.
O pesquisador esclarece que alguns fatores de risco são herdados, mas outros podem ser modificados como tabagismo, uso do álcool, obesidade, sedentarismo, exposição à radiação solar contínua ou radiações ionizantes. “Mudanças podem provocar significativa melhora na qualidade de vida”, incentiva o oncologista.
Levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que, em 2004, foram registradas mais de 7,4 milhões de pessoas com câncer. Uma estimativa da instituição revela que o envelhecimento da população, somada a hábitos nada saudáveis e o convívio em ambientes cada vez mais artificiais, deve fazer com que cerca de 11 milhões de pessoas no mundo todo terão de enfrentar a doença até 2030.
Prevenção
“O crescimento dos casos de câncer tem assustado muitas pessoas, mas isso pode ser diferente com um estilo de vida mais saudável e evitar a exposição a substâncias ocasionais”, alerta o médico. Ele também aponta a importância para a prevenção secundária correlacionada à infecção por HPV ou cânceres assintomáticos iniciais.
“Outro fator importante é o diagnóstico precoce. Sempre é importante procurar assistência especializada, caso note qualquer anomalia em seu corpo. Um check-up anual também vai bem”, sugere o médico.
Currículo
Pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra), Ramon Andrade de Mello tem doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal).
O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é Coordenador Nacional de Oncologia Clínica da Sociedade Brasileira de Cancerologia, membro da Royal Society of Medicine, London, UK, do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal (ESMO GI Faculty) da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology -- ESMO), Membro do Conselho Consultivo (Advisory Board Member) da Escola Europeia de Oncologia (European School of Oncology -- ESO) e ex-membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto (mandato 2016-2019) da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology -- ASCO).
Dr. Ramon de Mello é oncologista do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP.
Confira as dúvidas mais frequentes
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) traz algumas orientações para sociedade. Confira!
O que é câncer?
Câncer é um grupo de doenças que se caracteriza pela divisão celular contínua e descontrolada e pela capacidade de se disseminar e invadir outros órgãos.
O que causa o câncer?
O câncer pode ser causado por fatores externos (substâncias químicas, radiação e vírus) e internos (hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores causais podem agir em conjunto ou em sequência para iniciar ou promover o processo de formação do câncer.
Em geral, muitos anos se passam entre mutações e/ou exposições a fatores de risco e a detecção do câncer.
O câncer é hereditário?
Em geral o câncer não é hereditário. Existem apenas alguns raros casos que são herdados, tal como o retinoblastoma, um tipo de câncer de olho que ocorre em crianças. No entanto, existem alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à ação dos agentes ambientais que causam o câncer, o que explica por que algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a uma mesma substância cancerígena. Saiba mais sobre a hereditariedade como fator de risco.
O câncer é contagioso?
Não, o câncer não é contagioso. Mesmo os cânceres causados por vírus não são contagiosos como um resfriado, ou seja, não passam de uma pessoa para a outra por contágio. No entanto, alguns vírus oncogênicos, isto é, capazes de produzir câncer, podem ser transmitidos através do contato sexual, de transfusões de sangue ou de seringas contaminadas utilizadas, por exemplo, para injetar drogas. Como exemplos temos o vírus da hepatite B (câncer de fígado), o vírus HTLV - I / Human T-lymphotropic virus type I (leucemia e linfoma de célula T do adulto) e o Papilomavírus Humano - HPV (colo de útero, ânus e boca). Veja mais aqui.
Qual a diferença entre câncer in situ e invasivo?
O carcinoma in situ ou câncer não invasivo, é o primeiro estágio em que o câncer não originário das células do sangue pode ser classificado. Nesse estágio, as células cancerosas estão somente na camada da qual elas se desenvolveram e ainda não se espalharam para outras camadas do órgão de origem.
A maioria dos cânceres in situ é curável, se for tratada antes que progrida para a fase de câncer invasivo. Nesta fase, o câncer invade outras camadas celulares do órgão e ganha a capacidade de se disseminar para outras partes do corpo, processo chamado de metástase.
O câncer tem cura?
Atualmente, muitos tipos de câncer são curados, desde que tratados em estágios iniciais, o que reforça a importância do diagnóstico precoce. Por isso, é importante realizar alguns exames para detectar o câncer o mais precocemente possível.
Todo tumor é câncer?
Não, nem todo tumor é câncer. A palavra tumor corresponde ao aumento de volume observado numa parte qualquer do corpo. Quando o tumor se dá por crescimento do número de células, ele é chamado neoplasia - que pode ser benigna ou maligna.
Ao contrário do câncer, que é neoplasia maligna, as neoplasias benignas têm seu crescimento de forma organizada, em geral lento, e apresenta limites bem nítidos. Elas tampouco invadem os tecidos vizinhos ou desenvolvem metástases. O lipoma e o mioma são exemplos de tumores benignos.