A Justiça decidiu colocar em liberdade duas tias do bebê Wesley Carvalho Ferreira, morto queimado durante um ritual realizado por membros de sua família, segundo as investigações da Polícia Civil. O Ministério Público do Piauí não encontrou evidências da participação das familiares em seu desaparecimento. Alguns menores indiciados e apreendidos ligados ao caso já haviam sido liberados.
Em entrevista a Rede Meio Norte, o advogado Smailly Carvalho, que está na defesa da família do bebê, explicou que a decisão se deu após não ser encontrado indícios de autoria e materialidade. Para ele, as investigações foram genéricas e não foi encontrado nenhuma prova.
“O processo padece de indícios de autoria e materialidade. Foi feito uma investigação, ao nosso ver, totalmente genérica, prendeu-se várias pessoas, jogou-se na imprensa que estavam ali a cometer delitos e na realidade não existe. Não existe provas, não existem indícios, não exista nada. O Ministério Público observou isso no inquérito e determinou novamente que a delegacia viesse a apurar os fatos para ver se encontra minimamente indícios de autoria contra os tios”, pontua o advogado, em entrevista para o repórter Felipe Reis.
Com relação aos pais e os avós da criança, que seguem detidos, a defesa também descarta qualquer participação e que isso será provado. “O MP denunciou os mesmos pelo crime de homicídio, mas é inexistente. Conseguimos a liberdade dos tios que tinha sido presos injustamente e a justiça está sendo feita”, completa.
As internações provisórias, indiciamento e prisões ocorreram após as contradições nos depoimentos dos pais e avós da criança. Para a defesa, não há como se falar em homicídio sem vestígios do crime, apesar dos depoimentos dos familiares citarem como tudo ocorreu.
Os familiares foram indiciados pelos crimes de homicídio qualificado e também pela ocultação de cadáver. Durante as investigações, a tese de que o bebê havia sido sequestrado foi descartada.
Restos mortais ainda não foram encontrados
O delegado Antônio Barbosa, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, havia informado para a Rede Meio Norte que a polícia ainda não conseguiu encontrar nenhum resto mortal do pequeno Wesley Carvalho Ferreira, de 1 ano e 9 meses. O delegado reafirmou que registradas muitas contradições no depoimento dos familiares.
“Quando começamos essa investigação a gente não descartou nenhuma das linhas, a gente averiguou a versão dada por eles que teria sido sequestro, verificamos a questão da criança ter sido vendida, dada para alguém, só que nenhuma dessas versões trouxeram elementos para os autos no sentido de serem procedentes. A própria família trouxe a morte da criança para os autos e que teria ocultado o cadáver. Mesmo com algumas contradições a versão que eles dão é essa que a criança teria sido morta durante um evento religioso e que esse corpo teria sido ocultado em uma caeira”, declarou.
Antônio Barbosa disse ainda que vários exames complexos foram feitos no local, mas nenhum resto mortal do bebê foi encontrado.