Nesta quarta-feira (27), uma cena de tumulto e confronto marcou a sessão da Câmara de Vereadores de Belford Roxo, localizada na Baixada Fluminense. A confusão, que incluiu acusações e agressões físicas, teve início durante a leitura da lista de presença dos parlamentares, onde estavam mencionados os nomes de Eduardo Araújo e Fabinho Varandão.
Ambos são ex-secretários da prefeitura e haviam solicitado a exoneração na semana anterior para votar contra um projeto apresentado por Wagner Carneiro, conhecido como Waguinho, na Câmara. Contudo, suas exonerações não foram efetivadas e, segundo parte da Câmara, permanecem licenciados.
Vários vereadores dizem ter sido agredidos. Os parlamentares foram para a delegacia registrar ocorrência. "Eu e o vereador Eduardo Araújo viemos tomar posse e fomos agredidos dentro da Câmara. Eu vi um funcionário dar um soco no vereador Markinho dentro da Mesa. Tem relato que puxaram a arma dentro do plenário e deram um tiro para o alto", disse Fabinho Varandão.
A corrida eleitoral pela prefeitura de Belford Roxo em 2024 já está em andamento. De um lado, estão os vereadores que apoiam o atual prefeito Wagner Carneiro, o Waguinho, do partido Republicanos. Do outro, encontra-se o deputado estadual e possível candidato à prefeitura, Márcio Canella, representando a União. No centro dessa disputa está a tentativa de Waguinho de estender o mandato do presidente da Câmara, Armandinho Penelis, do MDB, por mais um ano.
O projeto que muda as regras de eleição na Câmara de Vereadores foi enviado pelo executivo municipal na semana passada. A mensagem assinada por Waguinho pede que seja votada em “máxima urgência” e que é de interesse público. Nos bastidores, a proposta é classificada como política, já que até então havia um acordo entre os dois grupos para a alternância de poder na Casa a cada ano.
Nas vésperas da eleição, o prefeito quer lançar seu sobrinho Matheus Carneiro como seu sucessor e também já teria acordado com o PT que a vaga de vice seria de um indicado pelo partido. No entanto, havia um acordo informal do político para apoiar Marcio Canella, que foi o candidato a vice na chapa de Waguinho nas eleições de 2020.
A tentativa de mudar a sucessão na Câmara foi a gota d’água para a o racha no governo municipal. Licenciados por serem secretários da prefeitura, Eduardo Araújo e Fabinho Varandão queriam retomar seus mandatos de vereador e se juntar à oposição que, com eles, teriam 13 dos 25 parlamentares e a maioria absoluta da Casa. No entanto, eles disseram que não conseguem ser exonerados e retornar à Câmara.