O ex-ministro do Meio Ambiente - no governo de Jair Bolsonaro (PL) - e agora deputado federal, Ricardo Salles (PL-SP), anunciou que não concorrerá mais ao comando da prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2024. A decisão foi exposta sob justificativa de que ele teria sido rejeitado pelo próprio partido.
Em entrevista, Salles expressou insatisfação com a ausência de reconhecimento de sua competência por parte do Partido Liberal (PL) e relatou que o ex-presidente está fragilizado e sem força para influenciar a deliberação.
"Nós fizemos a bancada. Nós demos o fundo partidário que o partido tem, dezenas e dezenas de milhões de reais, demos o tempo de televisão. Para pegar tudo isso e apoiar um candidato que é de um partido que é base do Lula", disparou.
O deputado mencionou, ainda, que o candidato à prefeitura paulista, deputado Guilherme Boulos (Psol-SP), "destruirá" seu concorrente, Ricardo Nunes (MDB) - atual prefeito de São Paulo e que demonstra ser o favorito a colher o apoio do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e pelo ex-chefe do Executivo. Embora busque se posicionar contra Boulos, Salles deve se alinhar aos apoios de Costa Neto e de Bolsonaro que cobiçam a reeleição de Ricardo Nunes.
"Eu ia ser [candidato à prefeitura de São Paulo], mas agora estou tomando chapéu dessa turma da política profissional. A turma que gosta de business. Não tem ideologia. [...] Não é desistir. Eu tomei uma rasteira que eu não tenho como fazer. [...] Pega o maior partido do Congresso, com maior fundo partidário, para apoiar um prefeito que nem apoiou o Bolsonaro (PL) no ano passado, recusou o rótulo de direita. Apoiar um cara que não quer ser nosso, só quer nossos votos", desabafou.
Segundo apurações, os três políticos se encontraram em duas ocasiões para almoçar, o que pode indicar uma maior proximidade entre Nunes e o PL. Pessoas próximas ao prefeito afirmam que ele foi informado por Costa Neto e Bolsonaro que a legenda está de “portas abertas” para sua possível migração.