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Saiba quem são os secretários municipais presos acusados de mandarem matar vereador

As investigações indicam que o vereador Peron Filho vinha denunciando desvios de recursos públicos, especialmente na Secretaria de Transportes, sob comando de Jeferson Carvalho.

Secretários foram presos suspeitos de serem mandantes da morte do vereador Peron Filho. | Foto: REPRODUÇÃO/TV CABO BRANCO
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Dois secretários da Prefeitura de Jacaraú, no Litoral Norte da Paraíba, foram presos suspeitos de mandarem matar o vereador Peron Filho (MDB). As prisões ocorreram durante a Operação Parlamento, deflagrada pela Polícia Civil, que também prendeu outros três envolvidos — entre eles, os supostos executores do crime e o dono de uma pousada onde o assassinato teria sido planejado. A administração municipal confirmou o afastamento imediato dos servidores, destacando em nota que “repudia qualquer ato que contrarie os princípios da legalidade e da ética pública” e que adotará as medidas cabíveis diante das investigações.


OS ENVOLVIDOS E AS SUSPEITAS
Os presos são Jeferson Carvalho da Silva, secretário de Transportes e Mobilidade Urbana, e Antônio Fernandes Alves Bezerra, titular da Secretaria de Administração, ambos nomeados em janeiro deste ano. Segundo o delegado Sylvio Rabello, as investigações apontam que Jeferson teria ligação com grupos de pistolagem e teria destruído provas, como o sistema de gravação de câmeras de segurança de sua casa. Ele também é suspeito de ter se desfeito de dois celulares após o crime. A arma usada na execução, segundo a perícia, já havia sido empregada em 12 homicídios no Rio Grande do Norte, o que reforça a hipótese de envolvimento com milícias armadas.

“O que conseguimos observar é que a arma, através da perícia, matou 12 pessoas no Rio Grande do Norte. Então a gente já vai para o segundo aspecto, a pistolagem, muita ligação do secretário de transportes para com esse pessoal do Rio Grande do Norte”, explicou o delegado. Ainda conforme a polícia, o secretário de Administração teria fornecido apoio logístico, ajudando a vender os celulares e destruir equipamentos de gravação, o que pode caracterizar fraude processual.


MOTIVAÇÃO E CONFLITOS POLÍTICOS
As investigações indicam que o vereador Peron Filho vinha denunciando desvios de recursos públicos, especialmente na Secretaria de Transportes, sob comando de Jeferson Carvalho. “Denunciou desvio de combustível, má utilização e má conservação da frota de transporte, e também desvio público”, detalhou o delegado Sylvio Rabello. A polícia acredita que essas exposições públicas tenham motivado o crime.

O pai do vereador, Peron Pessoa, afirmou que cerca de 20 dias antes da morte, os dois secretários foram à sua residência para tentar convencer o filho a mudar de lado político. “Vinte dias antes desse evento, os dois secretários estiveram na minha casa aqui às 11 horas da noite para conversar com o meu filho para ele passar para o lado do governo, e ele disse que não faria isso. Eles ofereceram vantagem e ele disse que não aceitaria”, relatou. As denúncias feitas por Peron, tanto no plenário da Câmara quanto nas redes sociais, geraram forte repercussão em Jacaraú e acentuaram o clima de tensão política.


PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO
Segundo a polícia, o crime foi planejado em uma pousada da cidade, cujo proprietário também foi preso. O local teria sido usado para reuniões entre os mandantes e os executores, contratados no Rio Grande do Norte. “Percebemos que houve uma reunião em uma pousada próxima ao local do crime. Após essa reunião, meia hora antes do crime, o carro do secretário foi ao ginásio e verificou, foi pontuar a vítima, e o outro carro saiu em direção ao local do crime”, detalhou o delegado.

Na noite de 15 de setembro, Peron Filho voltava para casa em uma motocicleta após participar de uma partida de futsal na cidade vizinha de Pedro Régis. Ele foi baleado três vezes pelas costas e morreu no local. Câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas foram cruciais para a identificação dos envolvidos. A hipótese de latrocínio foi descartada desde o início das apurações.


DESPEDIDA E REPERCUSSÃO
O corpo do vereador foi velado em um ginásio de Jacaraú, onde uma multidão acompanhou o cortejo até o cemitério municipal, no dia 17 de setembro. Filiado ao MDB, Peron Filho havia sido reeleito em 2024 com 702 votos, sendo o terceiro mais votado do pleito. Ele era reconhecido por sua atuação em defesa da causa animal e como fundador da ONG Zona dos Pets, voltada ao resgate e adoção de animais abandonados. Divorciado e sem filhos, o parlamentar completaria 37 anos em 19 de setembro.

A morte de Peron Filho expôs as tensões políticas em Jacaraú e abriu uma nova frente de investigação sobre o possível envolvimento de agentes públicos com grupos de extermínio. As autoridades seguem apurando o caso, que é tratado como crime político com características de execução.

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