“Restrições tornam campanha sem graça”, diz cientista político

Os candidatos que têm as melhores chances são precisamente aqueles que já possuem redutos eleitorais ou públicos específicos

Cientista Político | Cléber de Deus comenta campanha | Arquivo Meio Norte
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Proibições sobre locais onde é possível fazer campanha eleitoral, localização de propagandas móveis e até mesmo o volume de decibéis nos carros de som dos candidatos contribuem para tentar igualar a disputa eleitoral sem interferir no espaço público.

No caso do Piauí, no entanto, as restrições impostas pela Justiça Eleitoral estão provocando um fenômeno que tem chamado a atenção dos estudiosos da ciência política: campanhas mornas e com pouco apelo popular.

Independente das limitações da Justiça Eleitoral, o cientista político e professor doutor da Universidade Federal do Piauí, Cléber de Deus, pontua que as campanhas não estão mais igualitárias.

"Existem critérios de desempenho para todos os partidos e coligações. Em qualquer regime democrático os maiores partidos têm mais espaço para aparecerer. O financiamento político sempre privilegia os grandes partidos. Essa é a regra", afirma.

Ele lembra que ao engessar demais as campanhas, a Justiça Eleitoral apenas torna o processo mais seco e sem graça. "É necessário diminuir a influência da justiça eleitoral no processo de disputa e competição política".

No caso da disputa proporcional bastante polarizada, com muitos candidatos a vereador para poucas vagas, o cientista político argumenta que o horário eleitoral para cargos proporcionais é inútil. "Ninguém consegue diferenciar nada absolutamente.

Os candidatos que têm as melhores chances são precisamente aqueles que já possuem redutos eleitorais ou públicos específicos para fazer algum apelo. A maioria dessas candidaturas são meramente figurativas e sem chance alguma na disputa. Nesse caso, não há estratégia que resulte em êxito", enfatiza.

Cléber de Deus também ressalta que as pesquisas eleitorais indicam que um candidato que tem o apoio do ex-presidente Lula pode se beneficiar. Ele ressalta, no entanto, que essa é uma eleição localizada. "As questões que pautam a escolha do eleitor são mais pontuais.

As coisas do cotidiano é que definem, em eleições municipais, a decisão do voto do eleitor", disse. Além disso, o cientista político acredita que o candidato a prefeito da capital Wellington Dias (PT) - que traz depoimentos de Lula em sua propaganda eleitoral e deve contar com a presença do presidente em Teresina, deve se beneficiar.

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