Processo contra militares que mataram Rubens Paiva está emperrado no STF; entenda

O processo envolve militares acusados de crimes como homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual, mas foi suspenso após decisão do STJ

Ex-deputado Rubens Paiva | Foto: Globonews
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O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda analisa se a ação penal que apura as circunstâncias da morte do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado em janeiro de 1971, pode prosseguir. O processo envolve militares acusados de crimes como homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual, mas foi suspenso após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O tema central do recurso, apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF), é a possível aplicação da Lei da Anistia ao caso e a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade atribuídos aos denunciados.

PGR

O relator da ação no STF, ministro Alexandre de Moraes, enviou o caso para parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) em novembro do ano passado, mas a manifestação ainda não foi apresentada. A discussão também envolve o entendimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que determina a investigação e responsabilização por graves violações de direitos humanos, mesmo em casos protegidos por legislações nacionais.

Anistia

Lei da Anistia, considerada constitucional pelo STF, foi promulgada em 1980, perdoando crimes políticos cometidos durante a ditadura militar. Contudo, o MPF argumenta que os delitos contra Rubens Paiva se configuram como crimes de lesa-humanidade, cometidos por agentes estatais de forma sistemática contra civis opositores ao regime. Segundo o MPF, essa classificação torna os crimes imprescritíveis e de interesse que transcende o contexto nacional.

Caso

A polêmica também resgata o compromisso do Brasil com a decisão da Corte Interamericana no caso dos desaparecidos da Guerrilha do Araguaia. Nessa decisão, a Corte estabeleceu o dever do Estado de investigar e punir graves violações de direitos humanos, uma orientação que o MPF defende ser aplicável à morte de Rubens Paiva.

Militares

A defesa dos militares alega que a Lei da Anistia impede o prosseguimento da ação penal, sustentando que os crimes foram abrangidos pelo perdão concedido durante a transição para a democracia. No entanto, o MPF reforça que o caso também está ligado ao direito fundamental à justiça e à verdade, essenciais em processos de superação de regimes autoritários.

Abrir precedente

O desfecho do caso pode estabelecer um precedente importante sobre os limites da Lei da Anistia e o enfrentamento de crimes cometidos durante a ditadura militar. Enquanto isso, a sociedade e familiares de vítimas seguem aguardando respostas e a definição da Suprema Corte sobre a continuidade do processo.

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