Prévia da inflação indica diminuição, mas economistas se mantêm preocupados

Mesmo com queda, alimentação e saúde tiveram aumento de preços

Mesmo com queda da inflação, economistas não descartam cautela | Agência Brasil
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), prévia da inflação oficial do Brasil, registrou um desaceleramento para 0,51% em maio, esse resultado está abaixo do calculado pelo mercado. Em abril, o índice marcou 0,57%. Economistas afirmam que a perda de intensidade do aumento de preços comprova que a ideia de que a política monetária pode ser flexionada, com queda da taxa básica de juros (Selic) a partir do segundo semestre do ano.

Na análise da economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, a boa notícia foi a queda mais disseminada pelos vários grupos que formam o IPCA-15. Ele indica o quanto o aumento de preços está disseminado ou não pelos vários setores da economia. Índices acima de 70% evidenciam a inflação propagada.

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Nos últimos 12 meses, o indicador marcava alta de 4,07%, abaixo dos 4,16% registrados em abril. E, no acumulado do ano passado, a variação positiva de 3,12%. Os números foram anunciados, nesta quinta-feira (25), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Houve redução da inflação de serviços e da média dos núcleos, que ficou em 0,42% em maio e acumula 6,8% em 12 meses”, afirma Rafaela.

“A prévia de maio indica que teremos uma inflação menor no mês, abaixo de 0,4%, com o impacto maior da redução dos combustíveis na segunda quinzena e expectativa de desaceleração dos preços dos alimentos. Com isso, é bem provável que as expectativas de inflação tenham nova queda nas próximas semanas, o que deve reforçar o debate sobre o corte de juros no segundo semestre que, na nossa opinião, pode se iniciar em agosto”, destaca a economista.

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No mês, sete dos nove grupos de produtos e serviços registraram alta. Dois deles tiveram maior influência sobre o índice: Alimentação e Bebidas (0,94%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,49%) - ambos contribuíram em 0,20 pontos porcentuais (p.p.).

Dentro do primeiro grupo, a alta foi puxada pela alimentação no domicílio (1,02%), ao passo que, no segundo, a alta ocorreu em virtude dos produtos farmacêuticos (2,68%) logo após a autorização dos reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos a partir de 31 de março. Enquanto isso, no lado negativo, as passagens aéreas auxiliam no índice de preços mais baixo.

Avaliação de economistas

De acordo com o economista-chefe da casa de análise Suno Research, Gustavo Sung, quando se observa algumas categorias, nota-se uma melhora nos dados. “Apesar da inflação de boa parte desses grupos ainda estarem acima do desejado pelo Banco Central (BC), os números de maio mostram um arrefecimento importante”, avalia.

Sung aponta que esses dados podem ajudar positivamente o cenário do BC. Porém, ainda é cedo para afirmar se essa será uma nova tendência. Embora haja uma melhora a mais do que foi calculado, o economista acredita que a autoridade monetária deve manter a taxa de juros sem alterações na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho.

“Mas, abre-se uma janela para o BC começar a discutir possíveis cortes em breve. A nossa expectativa é de cortes apenas no terceiro trimestre”, afirma.

Na visão do economista do Banco Original, Igor Cadilhac, qualitativamente falando, a composição da inflação teve uma melhora. “Por um lado, a dispersão, que mede a porcentagem de itens do IPCA-15 com variação positiva, subiu de 63,2% para 64,3%. Por outro, tanto a pressão sobre os preços de serviços quanto a média dos núcleos, que vem sendo a lupa para o Banco Central, recuaram no mês. Serviços foi o principal destaque, passando de 0,53% em abril para uma deflação de 0,06% em maio”, estima.

Para ele, mesmo que a inflação e sua composição tenham surpreendido positivamente, o comportamento dos serviços e núcleos têm preocupado os analistas. “Para os próximos meses, a redução nos preços dos combustíveis pela Petrobras vai arrefecer ainda mais a queda prevista no 1º semestre e suavizar a alta a partir do 2º semestre. Sendo assim, projetamos uma inflação de 5,7% em 2023”, analisa.

Além deles, as economistas Julia Gottlieb, Julia Passabom e Luciana Rabelo, do Itaí, afirmam em relatório, que a leitura d IPCA-15 de maio comprova cenário de desinflação em curso, apesar das medida de núcleo ainda permanecerem circulando acima do compatível para o cumprimento da  meta de inflação.

“Nas próximas leituras, devemos seguir observando recuo da inflação acumulada em 12 meses para ao redor de 3,7%, influenciado pelo efeito base dos cortes de impostos no ano passado e pelos cortes recentes de combustíveis na refinaria. Projetamos 5,8% para o IPCA em 2023 e 4,5% em 2024”, avaliam.

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