Inflação desacelera mais uma vez no Brasil e joga pressão sob Campos Neto

No acumulado do ano, o IPCA apresenta alta de 2,72%, enquanto nos últimos 12 meses a variação foi de 4,18%.

Inflação desacelera em abril | Tânia Rego/Agência Brasil
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril apresentou uma queda de 0,10 ponto percentual em relação ao mês anterior, registrando uma taxa de 0,61%. No acumulado do ano, o IPCA apresenta alta de 2,72%, enquanto nos últimos 12 meses a variação foi de 4,18%, abaixo dos 4,65% registrados anteriormente. O IBGE divulgou esses dados nesta sexta-feira, dia 12 de maio.

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A queda da inflação coloca pressão sobre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que está relutante em reduzir a taxa de juros, Selic, que atualmente está em 13,75%. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido continuamente a queda no índice. 

Todos os nove grupos de produtos e serviços analisados tiveram aumento em abril, sendo o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais o que mais impactou a inflação (1,49%). Alimentação e Bebidas (0,71%) e Transportes (0,56%) também contribuíram significativamente. Em Saúde e Cuidados Pessoais, a maior contribuição veio dos produtos farmacêuticos (3,55%), que tiveram um reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos. O aumento dos preços dos alimentos em domicílio, como tomate (10,64%), leite longa vida (4,96%) e queijo (1,97%), foi o principal motivo da aceleração observada no grupo de Alimentação e Bebidas. Já nos Transportes, a desaceleração foi influenciada pela queda no preço dos combustíveis (-0,44%).

As passagens aéreas tiveram uma alta de 11,97% em abril, após uma queda de 5,32% em março. Ainda assim, os preços do etanol subiram 0,92% no mesmo período.

Lula está revoltado com taxa de juros 

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou no último dia 06 de maio a sua insatisfação com a taxa Selic, os juros básicos da economia, que permaneceram em 13,75% ao ano, mesmo com as pressões do governo federal e da sociedade civil para sua redução. Lula criticou o mais uma vez o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmando que ele não tem compromisso com o país, sugerindo que ele tem compromisso com o ex-governo de Jair Bolsonaro (PL-RJ) e com aqueles que gostam de taxa de juros alta. 

Embora reconheça a autonomia do BC, Lula argumentou que, como presidente, deve ter o direito de questionar a política monetária adotada pela entidade, uma vez que os altos juros dificultam o crescimento econômico e a geração de empregos no país. “Ele tem compromisso com quem, com o Brasil? Não tem, ele tem compromisso com o outro governo que o indicou [do ex-presidente Jair Bolsonaro], isso precisa ficar claro. E ele tem compromisso com aqueles que gostam de taxa de juro alto, porque não há outra explicação”, disse Lula, em Londres, em coletiva de imprensa após participar da coroação do Rei Charles III

A lei que concedeu autonomia ao BC determina que a entidade assegure a estabilidade de preços, zele pela estabilidade e eficiência do sistema financeiro, suavize as flutuações do nível de atividade econômica e fomente o pleno emprego. Entretanto, a manutenção dos juros em patamares elevados tem encarecido o crédito e desacelerado a economia, prejudicando varejistas, empresários e trabalhadores brasileiros. Lula defendeu que, para gerar emprego no país, é necessário oferecer crédito para os trabalhadores, empreendedores e empresas, e que a retomada das políticas públicas que deram resultado pode impulsionar o crescimento econômico. 

“Se eu, como presidente, não puder reclamar do equívoco do presidente do Banco Central, quem vai reclamar, o presidente americano? Então, me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas ele não é intocável. Se você tem compromisso com o crescimento da economia, compromisso com geração de emprego e compromisso com inflação, cuide dos três. Com os juros a 13,75%, os outros dois [atividade econômica e fomento ao emprego] não serão cumpridos”, sinalizou. 

Cabe indicar que recentemente Campos Neto afirmou que as decisões do BC são técnicas e destacou a importância dos projetos do governo para equilibrar as contas públicas e impactar as estimativas de inflação. 

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