O deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) recebeu uma intimação nesta terça-feira, 30, para comparecer à Polícia Federal na sexta-feira, 2, para prestar depoimento. A intimação, cujo motivo é um "termo de declarações", foi supostamente emitida pela "Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores", embora nenhum dos três órgãos - Supremo Tribunal Federal, Tribunal Superior Eleitoral e Polícia Federal - tenha confirmado sua autoria.
Coincidentemente, o deputado apresentou um recurso contra a cassação de seu mandato ao Tribunal Superior Eleitoral no mesmo dia em que recebeu a intimação. Durante uma entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, na noite de segunda-feira, 29, Dallagnol anunciou sua intenção de interpor embargos de declaração contra a decisão de cassação, enquanto também recorreria à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados para contestar o cumprimento da decisão do TSE.
Uma possibilidade é que a intimação esteja relacionada à 13ª Vara Federal de Curitiba. Logo após a cassação de Dallagnol, o juiz Eduardo Appio, que atuou nos casos da Lava Jato na Justiça Federal de Curitiba, determinou que o ex-procurador da força-tarefa prestasse depoimento no caso de Rodrigo Tacla Duran, ex-operador financeiro da Odebrecht. Tacla Duran acusa Dallagnol e o ex-juiz federal e senador Sérgio Moro (União Brasil) de suspeição no processo.
No início de abril, o ministro da Justiça, Flávio Dino, pediu ao Supremo Tribunal Federal que abrisse uma investigação contra o deputado Dallagnol devido a declarações sobre uma visita de Dino à favela do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. O ministro acusa Dallagnol de crimes de racismo, calúnia e difamação, após o deputado afirmar que o ministro teria obtido autorização do crime organizado para entrar no território.
Com recurso junto ao TSE, Dallagnol dá início à sua batalha judicial para tentar reaver seu mandato. O ex-procurador foi cassado com base na Lei da Ficha Limpa, e o relator ministro Benedito Gonçalves, classificou sua ação como uma manobra "capciosa", argumentando que, quando deixou o Ministério Público, o deputado tinha 15 reclamações disciplinares em aberto, que poderiam ou não resultar em processos administrativos disciplinares (PAD). A lei determina uma quarentena de oito anos para candidatos que enfrentam algum PAD em aberto ao deixar o MP ou o Judiciário.
Além de buscar recursos legais, o deputado também está em busca de apoio político para recuperar seu espaço na Câmara dos Deputados. No domingo, 21, ele esteve em Curitiba e participou de uma manifestação e desabafou, afirmando que esavam sendo alvo de perseguição. O deputado ganhou apoio do Movimento Brasil Livre (MBL), que convocou para o dia 4 de juno um ato em defesa do deputado.