"Eles pensaram que tinham tudo sob controle, que seria uma semana para envergonhar o governo, mas erraram na estratégia, perderam o controle da situação e acabaram despertando o movimento popular, tudo por conta própria."
Essa foi a análise de um dos líderes de Lula e peça central na articulação política do governo, em relação à decisão da bancada evangélica e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de avançar com um projeto que, na prática, impõe às mulheres estupradas a obrigação de levar adiante a gravidez, indo contra o que a lei permite hoje, e estabelece uma pena mais severa para elas do que para os próprios estupradores.
O QUE ACONTECEU? A oposição sentiu o impacto. Uma das principais vozes do PP, partido de Lira, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente da sigla, afirma que nem ele nem Lira estão comprometidos com o mérito da proposta. "O acordo, o gesto para a bancada evangélica, era apenas para votar a urgência. Só isso. Não há nenhum compromisso sobre o mérito da proposta."
O pedido de urgência visa colocar projetos de lei na pauta do plenário sem que precisem passar por comissões. Normalmente, espera-se que o texto seja votado mais rapidamente, mas isso não é obrigatório.
A reação das mulheres, que foram às ruas em diversas capitais do país ao longo dos últimos dias, o desgaste midiático e a reação das redes dividiram inclusive a bancada evangélica e líderes religiosos em todo o país.