O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi intimado pela Polícia Federal para prestar depoimento na próxima quarta (11). A ação faz parte das investigações de um suposto esquema de espionagem ilegal envolvendo autoridades dos Três Poderes. O depoimento ocorrerá na superintendência da PF no Rio de Janeiro e servidores da Abin também serão ouvidos na próxima semana.
O que aconteceu
A PF busca esclarecimentos de Ramagem sobre elementos encontrados durante as fases da Operação Última Milha. Durante a investigação, a polícia encontrou um áudio de 1h08 no computador de Ramagem, possivelmente gravado por ele mesmo.
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No áudio, o então presidente Jair Bolsonaro, o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e possivelmente a advogada do senador Flávio Bolsonaro discutem supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal em um Relatório de Inteligência Fiscal que iniciou uma investigação contra Flávio Bolsonaro.
Evidências
Os investigadores acreditam que isso deixa evidências do uso da estrutura da Abin para levantar suspeitas e retaliar os auditores que investigaram Flávio no caso da rachadinha. Várias mensagens foram encontradas em que Marcelo Bormevet, policial federal, e Giancarlo Gomes Rodrigues, militar, se referem a ordens ilegais dadas por quem chamam de "mestre" ou "chefe". Ambos trabalharam na Abin durante a gestão de Ramagem e foram presos na operação.
Desvio de finalidade
A PF indica que a expressão "mestre" é potencialmente vinculada a Alexandre Ramagem, sugerindo que as ações clandestinas tinham como objetivo obter vantagens políticas através de ataques a opositores, instituições, sistema eleitoral e outras áreas. Segundo a PF, as provas apontam para um esquema que utilizava a estrutura da Abin para fins políticos.
O que diz Ramagem
Em resposta, Ramagem negou irregularidades apontadas no relatório da PF durante sua gestão na Abin, no governo de Jair Bolsonaro. Em postagem nas redes sociais, ele afirmou que o sistema israelense FirstMile, contratado pela Abin, não foi usado para monitoramentos ilegais e que as autoridades citadas não foram espionadas. Ramagem acusou os policiais de desprezar os fins da investigação para levar à imprensa ilações e conjecturas rasas.
Nega
Sobre o áudio encontrado, Ramagem declarou que não houve uso dos sistemas para interferir em processos relacionados ao senador Flávio Bolsonaro, filho do então presidente Jair Bolsonaro. Ele reafirmou que as investigações são infundadas e que sua gestão na Abin foi conduzida dentro da legalidade.