Nesta terça-feira (1º), o governo do Paraguai cobrou nesta explicações do Brasil a respeito de operação de inteligência promovida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para conseguir informações sigilosas de autoridades paraguaias envolvidas em negociações sobre a usina de Itaipu, de propriedade binacional.
Comunicado oficial
O Paraguai fez a convocação, "para consultas imediatas", do seu embaixador no Brasil, Juan Manuel Delgadillo, "a fim de que informe sobre os aspectos relacionados à ação de inteligência em assuntos do governo paraguaio". O monitoramento teria ocorrido entre junho de 2022 e março de 2023. O caso foi relevado inicialmente pelo site UOL.
Nota do Itamaraty
O Itamaraty emitiu nota na segunda (31), reconhecendo que a iniciativa de monitoramento partiu da gestão anterior, do ex-presidente Bolsonaro, e foi cessada tão logo o novo governo tomou conhecimento.
Embaixador do Brasil
Paraguai anunciou a convocação do embaixador do Brasil no Paraguai, José Antonio Marcondes, para explicar, por parte do Brasil, sobre a ocorrência. Na linguagem diplomática, a convocação de embaixadores para consultas significa descontentamento formal de um país com outro.
Investigação
"O MITIC [Ministério de Tecnologias da Informação e Comunicações] iniciou uma investigação detalhada dos eventos ocorridos entre junho de 2022 e março de 2023, em vista que não existiu nenhum reporte do governo anterior a respeito", diz o Paraguai em comunicado.
Governo
A decisão do Paraguai foi tomada um dia depois de o Palácio do Itamaraty emitir nota oficial em que desmente que o atual governo tenha determinado alguma ação de inteligência contra o país vizinho.
Oficial
"O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria. A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato", diz a nota.
Contexto
O atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, de acordo com o Itamaraty, estava, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo de forma definitiva em 29 de maio de 2023. Ele era o interino da agência quando a ação foi interrompida, cerca de dois meses após a posse. (Fonte: Agência Brasil)