O ielcast deste sábado, 12 de fevereiro, traz uma entrevista com o presidenciável Sergio Moro (Podemos); o ex-juiz faz declarações polêmicas no podcast apresentado pelo jornalista Ieldyson Vasconcelos, posicionando-se mais uma vez sobre o deputado federal Kim Kataguiri, que está no alvo de uma polêmica por supostamente ter feito apologia ao nazismo.
Ao classificar as falas do parlamentar como um 'erro brutal', Moro, no entanto, sinaliza de que 'não se pode cancelar toda a história desse indivíduo'.
Ademais, ao indicar que as declarações de Monark foram mais graves ele pontua para uma abordagem errônea do tema no flowpodcast, 'jovens falando besteira, cometendo erros brutais'.
"Nazismo é um crime, e uma ofensa contra o povo judeu e contra a humanidade, nazismo não se debate, então a única coisa que a gente faz é repudiar, não tem abertura qualquer que a gente possa discutir, não existe aspecto positivo, nazismo é praticamente a representação do mal no século XX pelo que fez, pelo que significa, e isso é imutável, e é também algo presente no século XXI", disse.
O ex-juiz diz que Kim Kataguri não defendeu o nazismo. "Eu respondo pelos meus atos, respondo pelo que falo, nós temos aliados, nós estamos construindo alianças, e cada um deles responde pelo que fala, e o que fazem, no caso do deputado ele cometeu um erro brutal e pediu desculpas, e tem mesmo, tem que se ajoelhar e pedir desculpas, porque foi um grande erro brutal, agora não pode se usar um episódio em que ele cometeu um erro brutal para cancelar toda a história desse indivíduo, porque esse tipo de erro pode acontecer (brutal), e ele não defendeu ali o nazismo, ele tem uma abordagem errada em relação a esse tema, profundamente errada, mas ele longe de defender o nazismo, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa".
Moro ainda aproveitou para frisar que o nazismo é abominável e que não há qualquer possibilidade de relativização. "O Monark falou algo muito mais grave. Mas assim, jovens falando besteira, cometendo erros brutais em relação a esse tema, porque é um tema muito sensível, depende de como você aborda, ofende as pessoas, é como a questão do holocausto, o holocausto é a maior tragédia talvez de toda a história da humanidade, pois é o massacre em massa por questões raciais, então é abominável, não há qualquer possibilidade de relativização".
"Ciro Nogueira é quem manda no Brasil"
No diálogo com Ieldyson Vasconcelos e João Carvalho (convidado especial para essa edição), o presidenciável ainda lembrou que Bolsonaro foi eleito com a promessa de que não se aliaria ao Centrão, e atualmente é esse bloco que comanda o país, em especial ele citou o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), que recentemente partiu para o ataque contra o ex-juiz ao dizer que ele vive uma 'crise de identidade'.
"Parece que sim, o Ciro Nogueira é quem manda, eu tenho até uma prática de não responder subordinados, quando um subordinado do Lula me critica, eu não respondo, respondo só o Lula, às vezes quando o Bolsonaro me critica, eu respondo, mas como é o Ciro quem manda, então o Ciro se ele falar alguma coisa eu posso responder. O presidente foi eleito dizendo que não se aliaria ao Centrão; e hoje quem manda no Brasil é o centrão, é o Ciro Nogueira, Arthur Lira, Valdemar Costa Neto", afirmou.
Questionado sobre a relação com o Centrão, Moro disse que dialogaria, mas que não tem 'rabo preso', portanto, é 'bem diferente de Lula e Bolsonaro'. "Eu não tenho rabo preso, posso ter diálogo, posso conversar, mas tenho os meus valores, chego numa mesa de negociação, não chego de rabo preso porque não sou investigado, ao contrário de Lula e Bolsonaro".
"Economia está uma porcaria, o único projeto é a reeleição"
Sérgio Moro ainda citou a necessidade de mudar a 'cultura política' do 'rouba, mas faz', de acordo com ele tem que ser o 'faz e não rouba'. "Esse tipo de país que a gente não pode acreditar, não tem rouba, mas faz; é faz e não rouba, não tem porque uma coisa vir junto com a outra".
O ex-ministro da Justiça explicitou a decepção com o Governo Federal, tecendo críticas ferrenhas à condução da economia nacional. "Me decepcionei com o Governo Bolsonaro, como todo mundo se decepcionou, a economia está uma porcaria, o único projeto é a reeleição".
Moro disse que o presidente joga a responsabilidade para os outros, seja os governadores ou o Supremo Tribunal Federal, sendo que ele deveria assumir a liderança e enfrentar os problemas do país.
"O país vai mal porque o presidente infelizmente é ruim, ah e essa história 'eu não posso fazer nada na economia porque os governadores...', 'porque o STF'.., eu acho que a gente pode criticar o Supremo, pode criticar os governadores por decisões que tomaram, mas a liderança não se exime da responsabilidade jogando para os outros, como aconteceu na pandemia".
"Nunca tive nenhum problema pessoal com Lula"
Questionado pelo jornalista Kilson Dione se ele perseguia o ex-presidente Lula, Moro reafirmou que nunca teve problema pessoal com o petista, e sempre o tratou de maneira polida. De acordo com o ex-ministro, a animosidade partia dos advogados de Lula.
"Eu nunca tive nenhum problema pessoal com o Lula, deixar isso muito claro, nunca tive nenhuma animosidade, até porque se você pegar aqueles vídeos, das audiências, pode ver que eu fui extremamente polido, urbano e respeitoso com o ex-presidente, e quando há uma confrontação, um ataque, é dos advogados dele em relação a mim, então eu sempre fui muito tranquilo em relação a isso", afirmou.
O ex-juiz sinalizou que não pode haver alguém acima da lei, nem que esse alguém seja um ex-presidente, seja Lula. "Eu estava lá cumprindo o meu dever, apenas o que eu acredito, e o nosso projeto acredita nisso, é que nosso país não pode ter ninguém acima da lei, ainda que a pessoa se chame Lula, ele não pode ser tratado de maneira melhor, diferente só porque ele é ex-presidente da República".
O episódio com o ex-juiz Sérgio Moro com essas e outras declarações bombásticas já está disponível no canal principal do ielcast no Youtube, assim como no Meio Norte + e nas principais plataformas de áudio.
francyteixeira@meionorte.com